21/07/2021 às 15h31min - Atualizada em 21/07/2021 às 15h31min

Juros futuros fecham em queda, com IGP-M e fator técnico no radar

Os juros futuros fecharam a terça-feira (20) em queda, refletindo o movimento de baixa visto nos trechos curto e intermediário da curva de rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries).

Investidores avaliaram ainda a desaceleração da inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), em uma sessão na qual fatores técnicos também pesaram sobre as taxas.

Finalizado o pregão, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 5,78% no ajuste anterior para 5,76%; a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,20% para 7,115%; a do contrato para janeiro de 2025 recuou de 8,17% para 8,10% e a do DI para janeiro de 2027 variou de 8,60% para 8,57%.

O comportamento da curva de juros local continuou bastante associado à curva de rendimentos dos Treasuries, que mostrou um ganho de inclinação ao longo do pregão desta terça. As taxas futuras locais performaram em linha com os juros americanos de vencimentos curto e intermediário, como as taxas para dois e cinco anos, que operaram em queda durante toda a sessão. Enquanto isso, os juros americanos de maior prazo, como para dez e 30 anos, registraram avanços leves — devolvendo, assim, uma pequena parte do tombo de ontem.

No radar dos investidores seguem os receios de que uma nova onda de casos de coronavírus possa colocar em risco a retomada da atividade econômica global ao exigir a volta de medidas de restrição. Deste modo, agentes financeiros prosseguem demandando ativos de segurança para se proteger de riscos que surgem no radar e têm potencial de abreviar o fôlego da recuperação em meio à reabertura da economia.

“Os juros já abriram o dia caindo. A dinâmica do mercado local continuou acompanhando de perto um movimento global”, disse um gestor de um fundo, que prefere não ser identificado. Com a queda das taxas, hoje, este profissional também aponta que a probabilidade de uma alta de 0,75 ponto percentual no Copom de agosto seguiu ganhando força nos preços de mercado.

De acordo com a precificação extraída da curva de juros, o mercado dá chance de 59% para uma elevação de 0,75 ponto da taxa básica (ante 56% ontem) na próxima reunião do comitê e de 41% para uma alta de 1 ponto (contra 44% na véspera). As opções digitais de Copom negociadas na B3, por seu turno, exibiam probabilidade de 58% de uma alta de 0,75 ponto e de 40% de uma de 1 ponto, com apostas residuais de ajustes de outras magnitudes.

“As projeções de inflação no Focus continuaram comportadas desde o último Copom. Só por esse prisma, as possibilidades de o Banco Central apertar o ritmo de alta ficaram menores”, diz o sócio e economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto. “A apreensão com a variante Delta fortalece a manutenção do ritmo de elevação do juro básico. No geral, o que temos visto nesses últimos pregões é que os juros globais têm caído porque o mercado passou a ficar mais preocupado com o nível de retomada da atividade”, emenda.

Atualmente, a Tendências projeta uma Selic de 6,5% ao fim de 2021 e de 2022, em uma trajetória que implica mais três elevações de 0,75 ponto dos juros. “Como ainda existe ociosidade na nossa economia, é difícil posicionar a política monetária no terreno contracionista. Isso me pareceria exagerado”, diz ele.

Também vale mencionar que a inflação do atacado chancelou um ajuste em queda das taxas mais curtas, depois de o IGP-M voltar a desacelerar na segunda prévia de julho. O indicador recuou para 0,72%, de 1,27% na medição de igual período do mês anterior. Foi a menor taxa de uma segunda prévia desde maio de 2020, sob o peso da desaceleração dos preços de bens finais e intermediários do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), informou a Fundação Getulio Vargas. Na sexta (23), o mercado observará de perto os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) referentes a julho, a serem divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Mais cedo, o Tesouro Nacional emitiu R$ 6,55 bilhões em Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-Bs) ao colocar integralmente 1,55 milhão desses papéis. As taxas a que foram vendidos os títulos na operação vieram abaixo do consenso do mercado, o que contribuiu para um movimento técnico de queda dos juros futuros na parte intermediária da curva, disse um operador de renda fixa de um banco local.

A oferta foi concentrada no vértice para agosto de 2028 (1 milhão), responsável pela maior parte dos termos de risco (dv01, métrica que ajuda a verificar a quantidade de risco absorvida pelo mercado). O dv01 recuou 47%, para R$ 3,1 milhões, na comparação semanal, segundo dados da Necton.

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