Geopolítica favorece agro brasileiro, mas expansão dos Brics foi derrota para o país, avalia Marcos Troyjo

Ex-presidente do banco dos Brics vê 'ventos de cauda' para o agronegócio e critica perda de protagonismo do Brasil no bloco

- Da Redação, com MoneyTimes
07/05/2025 08h45 - Atualizado há 21 horas

O agronegócio brasileiro vive um momento de destaque global impulsionado por fatores geopolíticos, mas o país perdeu influência internacional com a expansão do bloco dos Brics. A avaliação é do economista e ex-presidente do banco do grupo, Marcos Troyjo, durante o painel “Nova Ordem Mundial”, promovido pela CNA/Senar, em parceria com o Estadão e o Broadcast.
 

Troyjo apontou três grandes fatores que funcionam como "ventos de cauda" para o agro nacional: a possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a oscilação populacional global e a ascensão dos países emergentes como protagonistas na nova ordem mundial. Segundo ele, esses elementos ampliam a relevância do Brasil como fornecedor global de alimentos.
 

“O agronegócio brasileiro se tornou importante demais por sua competência e pelo cenário externo. Esses movimentos favorecem diretamente o setor, que ganha ainda mais relevância no atual contexto geopolítico”, afirmou Troyjo.
 

Apesar do otimismo em relação ao agro, o economista foi duro ao comentar a ampliação dos Brics. Para ele, o Brasil perdeu espaço com a entrada de novos países no bloco. “O Brasil saiu de uma sala com 20% de capital político para apenas 10%. O bloco deixou de ser uma plataforma estratégica e virou um megafone para críticas ao mundo”, criticou, em referência ao rumo recente do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
 

Também participaram do painel o professor da FGV e pesquisador Oliver Stuenkel e o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral. Stuenkel observou que o mundo está se afastando do período de estabilidade que marcou os anos entre 1990 e 2015 e mergulhando em uma nova era de competição estratégica. Ele afirmou que mesmo uma eventual vitória de um democrata nos EUA não significaria o retorno à antiga ordem liberal.
 

Barral destacou que o século XXI será marcado por uma disputa contínua entre Estados Unidos e China. Troyjo, por sua vez, relativizou os impactos de uma nova Guerra Fria para o Brasil. “Nosso maior crescimento econômico ocorreu entre 1967 e 1973, em plena Guerra Fria. Não sei se uma Guerra Fria 2.0 seria necessariamente ruim para nós.”
 

Para enfrentar esse cenário incerto, os especialistas defenderam que o Brasil precisa agir com inteligência estratégica, ou seja, interpretar corretamente as dinâmicas globais, e neutralidade pragmática, mantendo boas relações com todos os blocos econômicos.

 

 

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