Agronegócio em março tem oscilações nos preços e impacto da entressafra

Relatório aponta tendências distintas para açúcar, algodão, arroz, carne, grãos e energia

- Da Redação, com Cepea
09/04/2025 09h35 - Atualizado há 5 dias
Agronegócio em março tem oscilações nos preços e impacto da entressafra
Foto: Reprodução

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, disponibilizou nesta terça-feira (8) as agromensais de março de 2025, trazendo uma radiografia detalhada do comportamento dos principais produtos agropecuários do país. O relatório mostra um mês marcado por oscilações acentuadas, reflexos da entressafra, flutuações cambiais, expectativa de safra e interferências do cenário global.

Entre os destaques, os preços do açúcar branco oscilaram fortemente no mercado spot paulista, influenciados pela escassez do tipo Icumsa 150. Com menor oferta, as usinas elevaram os preços, e compradores pagaram mais. Já o tipo Icumsa 180, com maior disponibilidade, teve cotação reduzida.

Por sua vez, o algodão em pluma teve uma leve valorização, com a média mensal atingindo o maior patamar nominal dos últimos dois anos. A sustentação veio da posição firme dos vendedores, atentos ao mercado internacional e ao desempenho de contratos na Bolsa de Nova York.

No setor do arroz, março foi marcado por queda de preços no Rio Grande do Sul, impulsionada pelo avanço da colheita e expectativa de oferta elevada. Com liquidez baixa e compradores retraídos, produtores tiveram que aceitar condições menos vantajosas para garantir recursos.

Os preços do boi gordo se mantiveram estáveis durante grande parte do mês, com uma leve reação apenas nos últimos dias. Já o café, após meses de alta, encerrou março em queda tanto para o arábica quanto para o robusta.

O mercado de etanol também apresentou recuo nas cotações em março, encerrando a entressafra. Ainda assim, os valores médios da safra 2024/25 ficaram acima da temporada anterior.

No setor de proteínas, o mercado de carne de frango teve comportamento regionalizado: enquanto algumas regiões viram os preços subirem com as exportações, outras, como a Grande São Paulo, enfrentaram queda pela fraca demanda interna. Já os preços do cordeiro vivo caíram em diversos estados, exceto em São Paulo, onde a baixa oferta sustentou as cotações.

O milho começou o mês em forte alta, impulsionado por uma demanda aquecida, baixa oferta e desafios logísticos, já que o escoamento da soja teve prioridade no período.

A soja teve negociações mais intensas em março, com aumento da demanda externa e maior volume no mercado interno. O foco do consumo global se voltou ao Brasil, principal fornecedor no período.

O feijão carioca de alta qualidade registrou alta nos preços, puxada pela oferta restrita, enquanto o feijão preto recuou com a chegada da primeira safra e a proximidade da colheita da segunda.

Por fim, o trigo seguiu registrando valorizações, com destaque para os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde as médias mensais atingiram os maiores valores nominais desde agosto de 2024. A oferta limitada e a busca por lotes de qualidade contribuíram para o movimento.


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