'Super cana' pode dobrar produção de etanol no Brasil, aponta estimativa

Variedade defendida por Eike Batista promete rendimento até três vezes maior por hectare

- Da Redação, com MoneyTimes
17/03/2025 09h44 - Atualizado há 2 semanas
Super cana pode dobrar produção de etanol no Brasil, aponta estimativa
Foto: Embrapa Agroenergia

A "super cana", projeto encabeçado pelo empresário Eike Batista, reacendeu debates no setor sucroenergético ao prometer uma revolução na produção de etanol. Com um aporte de US$ 500 milhões do grupo de investimentos Brasilinvest, que conta com recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG) e General Finance, dos Estados Unidos, a variedade pode produzir até três vezes mais etanol e até 12 vezes mais biomassa por hectare em comparação com a cana convencional.

O CEO da BRXe e sócio de Batista, Luis Rubio, revelou que há 17 variedades ou clones da "super cana", sendo a mais promissora a SC157070. A expectativa é que o projeto comece a gerar caixa em 2028.

Quanto etanol o Brasil poderia produzir com a "super cana"?

Atualmente, segundo estimativas da consultoria StoneX, a produção de etanol no Brasil deve atingir 37,4 bilhões de litros na safra 2024/2025, sendo que o etanol de milho responderá por 8,33 bilhões de litros, cerca de 22,3% do total. Para o ciclo 2025/2026, a expectativa é de 37,1 bilhões de litros, com o milho representando 10,1 bilhões de litros ou 27% do mercado.

Se toda a área cultivada com cana-de-açúcar fosse substituída pela "super cana", a produção de etanol no Brasil poderia dobrar ou até triplicar, chegando a valores entre 74,8 bilhões e 112,2 bilhões de litros na safra 2024/2025 e 74,2 bilhões a 111,3 bilhões de litros em 2025/2026.

Projeto divide opiniões

Apesar das projeções otimistas, há ceticismo no setor. O CEO da Cosan, Rubens Ometto, afirmou que a companhia já estudou a "super cana" e decidiu não seguir com o projeto, apostando suas fichas no etanol de segunda geração (E2G), que aproveita os resíduos da cana tradicional para ampliar a produção de biocombustível.

Rubio, por sua vez, defende que a "super cana" não deve ser comparada ao etanol de milho, que funciona como uma alternativa complementar e de produção contínua ao longo do ano. Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), 1 tonelada de milho gera entre 380 e 410 litros de etanol, enquanto 1 tonelada de cana-de-açúcar convencional produz apenas 43 litros.


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