O adiamento por tempo indeterminado da adoção do B15, previsto no Programa Combustível do Futuro, preocupa a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO). A decisão, tomada nesta terça-feira (18/02) pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mantém a mistura do biodiesel ao diesel fóssil em 14% e gera incertezas para toda a cadeia produtiva do setor.
Segundo Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da APROBIO, a medida compromete investimentos e planejamento das empresas. "Parecia inconcebível ter uma quebra de compromisso estabelecido pelo país nesse processo de transição energética, mas uma visão equivocada do impacto da evolução da mistura de biodiesel na inflação compromete toda a cadeia produtiva", afirmou Turra.
A justificativa do governo para a decisão seria um aumento estimado de R$ 0,01 no preço do combustível. No entanto, a APROBIO argumenta que o valor do biodiesel está em queda devido à desvalorização do dólar e à redução do preço do óleo de soja. O setor reforça que não há correlação entre o aumento do uso de biodiesel e a elevação do custo do óleo de soja, mas alerta para os impactos negativos da decisão sobre a agricultura familiar e a competitividade dos alimentos.
O adiamento também gera incerteza para empresas que já haviam se preparado para a ampliação da mistura. "As empresas empenharam compromissos com aquisição de matéria-prima e prepararam a estrutura produtiva para uma ampliação de oferta em cerca de 7%, que, de uma hora para outra, é cancelada", destacou Turra.
Além dos impactos econômicos, a decisão contradiz os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil e enfraquece a agenda da COP30, que será realizada no país. "Mais uma vez, o setor estará unido para reverter essa decisão em favor de um país mais saudável, reduzindo as condições de eventos climáticos extremos que tanto prejudicaram o Brasil", concluiu Turra.