O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), reagiu à decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que dispensou o motoboy Ivanildo Gonçalves de comparecer à comissão de inquérito nesta terça-feira (31). Aziz rebateu Nunes Marques ao dizer que Ivanildo não está sendo investigado pela CPI e informou que a comissão vai recorrer da decisão que concedeu habeas corpus ao motoboy.
"O senhor Ivanildo não é investigado pela CPI, ele era apenas uma testemunha. Ele estava sendo usado por alguém. Ivanildo retirou quantia grande de recursos de bancos para levar para alguém", afirmou Aziz. O motoboy foi convocado pelos senadores depois que a CPI teve acesso a um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), segundo o qual Ivanildo Gonçalves teria sacado R$ 4,74 milhões, em espécie, para a VTCLog.
A empresa de logística entrou na mira da CPI em meio a suspeitas envolvendo contratos obtidos com o Ministério da Saúde. O Coaf aponta movimentação "suspeita" de R$ 117 milhões nos últimos dois anos. "Se uma simples testemunha movimentou um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil é porque tem alguma coisa errado", complementou Aziz.
O presidente da CPI também mostrou contrariedade com a postura da CEO da VTCLog, Andréia Lima, que foi convocada, de última hora, para falar à comissão no lugar do motoboy, mas, em vez disso, avisou que não poderia comparecer ao Senado por estar em São Paulo. Aziz disse que foi procurado, recentemente, por Andréia e que ela tinha demonstrado todo o interesse em prestar esclarecimentos à comissão, o que não aconteceu.
"Se a Dra. Andréia quisesse esclarecer, ela estaria aqui hoje. Há uma protelação muito grande e nós temos de ouvir todo mundo. A CPI irá focar, agora, em todas as pessoas da VTCLog. Eu espero que deixem alguém falar aqui. Não vou me surpreender se ela também não falar", afirmou Aziz. O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também criticou Nunes Marques.
"Decisão do Nunes Marques foi um retrocesso em relação à jurisprudência adotada pelo Supremo Tribunal Federal", afirmou Renan. Segundo o emedebista, era o motoboy quem fazia pagamentos da VTCLog para uma empresa terceira, que seria ligada a Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.
Calheiros explicou que o motoboy, que é colaborador da VTCLog, pagava despesas de Dias com a Voetur, empresa de turismo que pertence ao mesmo grupo empresarial. A informação inflamou a CPI.
Procurada, a VTCLog não havia se manifestado até o momento da publicação.