O número de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas atingiu recorde de 7,543 milhões no segundo trimestre de 2021, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo representava 8,4% dos 87,8 milhões de trabalhadores brasileiros ocupados no período de abril a junho, percentual que vem subindo desde o segundo trimestre do ano passado.
“É um percentual que não é grande, mas vem crescendo. Embora não seja uma população muito grande, mostra trajetória de crescimento”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Os dados da pesquisa mostram que a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas é mais intensa entre os trabalhadores por conta própria que nas demais formas de inserção no mercado de trabalho. Também é maior entre as mulheres do que entre os homens.
Os trabalhadores por conta própria são quase metade (46%) desse grupo subocupado por insuficiência de horas, embora representem menos de um terço (28,3%) da população ocupada total. Já as mulheres são 43,4% da população ocupada no país, mas respondem por mais da metade (54,9%) dos subocupados por insuficiência de horas.
Esse grupo é parte da chamada “mão de obra desperdiçada”, ou população subutilizada, que compreende desempregados, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e os trabalhadores que não buscam emprego, mas gostariam de trabalhar.
Beringuy destacou uma mudança no perfil dessa população subutilizada entre o segundo trimestre de 2020 e o segundo trimestre de 2021. No ano passado, eram 31,946 milhões de pessoas ao todo, mas sendo 5,613 milhões de subocupados por insuficiência de horas, 13,542 milhões de força de trabalho potencial (gostaria de trabalhar, mas não busca emprego) e 12,791 milhões de desempregados. Neste ano, os números eram de 32,209 milhões, 7,543 milhões, 10,222 milhões e 14,444 milhões, respectivamente.
“Está tendo um deslocamento das parcelas que compõem a subutilização. Cresce a importância das pessoas subocupadas por insuficiência de horas e diminui a força potencial. O cenário de funcionamento da economia e da pandemia é diferente”, ela explica.