O governo brasileiro está analisando possíveis medidas para responder à ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, mas a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é priorizar a negociação, segundo fontes do Palácio do Planalto.
No domingo (9), Trump afirmou a jornalistas que pretende sobretaxar esses produtos, o que afetaria diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Apesar da preocupação, o governo brasileiro prefere aguardar uma oficialização da medida antes de tomar qualquer decisão.
“A tradição da diplomacia brasileira é sempre primeiro negociar, e isso fecha com o que o presidente defende. A reciprocidade será adotada se nenhuma medida funcionar”, disse uma fonte do Planalto à Reuters, referindo-se à declaração anterior de Lula de que o Brasil responderia com medidas equivalentes caso a taxação fosse confirmada.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já havia sinalizado a postura do governo ao afirmar na semana passada: "Não cederemos à ansiedade do ritmo vertiginoso da mídia em tempo real e das redes sociais. Tampouco nos deixaremos levar pelo imediatismo na resposta aos desafios que se apresentem."
Embora a diplomacia seja a estratégia inicial, ministérios como o da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio já estudam possíveis medidas de retaliação que minimizem impactos para o Brasil. Entretanto, nenhuma ação concreta foi discutida diretamente com Lula até o momento.
Caso a Casa Branca oficialize a medida, Lula deve se reunir com ministros, incluindo Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), para definir os próximos passos.
Alckmin, que também é vice-presidente, reforçou a postura cautelosa do governo ao lembrar que, em 2018, quando Trump impôs tarifas semelhantes, o Brasil conseguiu negociar uma cota anual de exportações sem sobretaxa. "Vamos esperar. Nossa posição é sempre uma de cooperação e parceria em benefício das nossas populações", afirmou.