A guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ter reflexos diretos na economia brasileira, com impactos negativos esperados em vários setores. A taxação adicional de 10% sobre produtos chineses, iniciada no dia 4 de fevereiro de 2025, já gerou reações de outros países e acirrou a imprevisibilidade no comércio internacional, o que pode afetar também as exportações brasileiras. Economistas ouvidos pela Agência Brasil alertam para o aumento da pressão inflacionária, elevação das taxas de juros e uma desaceleração nas trocas comerciais.
A medida americana já causou represálias imediatas da China, que impôs tarifas a produtos dos EUA, e pode desencadear um ciclo de retaliações que reduzirá a demanda mundial. A economista Lia Valls Pereira, da FGV, destaca o aumento da incerteza como um dos maiores desafios. “O comércio internacional exige planejamento, e um cenário incerto prejudica todos os envolvidos, incluindo o Brasil”, afirmou.
O Brasil, que possui um déficit comercial com os EUA, deve sentir os efeitos das tarifas, mesmo que suas exportações representem uma menor parte do total de compras americanas. Setores como siderurgia e produtos agrícolas, onde o Brasil tem destaque, podem ser especialmente impactados. O professor Caio Ferrari, da Uerj, alerta que a escalada das tarifas pode afetar diretamente as exportações brasileiras, prejudicando o setor externo.
Além disso, as políticas protecionistas de Trump podem afetar a política de juros no Brasil, já que a fuga de dólares em busca de maiores rendimentos nos EUA pode resultar em alta da moeda americana, pressionando a inflação local. Economistas sugerem que o Brasil busque alternativas, como acordos comerciais com outros blocos, como a União Europeia, para diminuir a dependência do mercado americano.
Com isso, os especialistas preveem um cenário de maior volatilidade e ajustes econômicos para o Brasil nos próximos meses, com reflexos diretos no setor produtivo e no cotidiano da população.