31/08/2021 às 13h00min - Atualizada em 31/08/2021 às 13h00min

Dólar cai a menor nível em quase um mês com humor externo

O dólar comercial opera em queda nesta terça-feira, refletindo o enfraquecimento da moeda americana ante rivais fortes e divisas emergentes, além de dados melhores do que o esperado da economia brasileira. O dólar, que recuou até R$ 5,1303 na mínima do dia, no menor nível intradiário desde 5 de agosto, caía 1,03%, para R$ 5,1353, por volta das 11h30.

De acordo com Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, a perspectiva de que o início da redução da compra de ativos se dará em dezembro, e não em setembro, nos Estados Unidos, combinada a fatores domésticos, explica o comportamento do dólar hoje.

“O exterior está positivo, mas também houve uma divulgação de dados bons por aqui, especificamente o de resultado fiscal”, aponta Bergallo, referindo-se ao déficit de R$ 10,3 bilhões do setor público consolidado, bem abaixo da mediana das estimativas, de R$ 16 bilhões. Além disso, a taxa de desemprego mostrada pela Pnad contínua recuou para 14,1% no trimestre encerrado em junho, no piso das estimativas e bem abaixo dos 14,5% previstos na mediana captada pelo Valor Data.

Bergallo aponta ainda que a precificação agressiva de mais ajustes de 1 ponto da Selic, implicada na curva de juros futuros, segue favorecendo a boa performance do real no pregão, ao gerar mais atratividade da divisa pelo “carry trade”.

Enquanto isso, no exterior, a moeda americana opera sob pressão contra uma cesta de moedas desenvolvidas, conforme indicado pelo índice DXY, que cedia 0,17%, para 92,50 pontos, no momento. Para o Brown Brothers Harriman, o enfraquecimento do dólar ocorre em meio ao fortalecimento do euro, após dados de inflação mais altos do que o esperado na zona do euro em agosto, e o recuo dos juros reais (taxa nominal descontada da inflação) nos Estados Unidos.

“O rendimento real de 10 anos caiu quase 10 pontos-base [0,1 ponto percentual] desde o discurso de Powell, para -1,08%, o menor desde 16 de agosto”, diz a instituição financeira, em referência à fala suave sobre retirada de estímulos monetários do chairman do Federal Reserve (Fed, banco central americano) proferida no encontro de banqueiros centrais em Jackson Hole, na última sexta-feira.

Nos juros, as taxas futuras, com exceção das curtas, abriram em alta, à espera do Orçamento e do leilão de NTN-B, papéis indexados à inflação. No mesmo horário acima, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caía de 6,76% no ajuste anterior para 6,73%; a do DI para janeiro de 2023 variava de 8,40% para 8,425%; a do contrato para janeiro de 2025 tinha alta de 9,33% para 9,44%; e a do DI para janeiro de 2027 passava de 9,72% para 9,83%.

Mais cedo, o Tesouro Nacional divulgou o edital de oferta de NTN-B, com 900 mil papéis distribuídos igualmente para os vencimentos de agosto de 2024, agosto de 2028 e agosto de 2040, ampliando o risco de mercado se comparado aos certames anteriores e puxando as taxas dos DIs mais longos.

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