Alta no boi gordo marca semana, mas especialistas avaliam limites para novas valorizações
Exportações impulsionam aumentos dos valores, mas consumo interno pode frear reajustes maiores
- Da Redação, com Canal Rural
20/01/2025 08h42 - Atualizado há 3 semanas
Foto: Reprodução
O mercado de boi gordo no Brasil registrou uma semana de valorização generalizada, com aumentos nos preços da arroba em todas as principais regiões produtoras. O movimento foi impulsionado pela alta demanda externa e pelas dificuldades enfrentadas pelos frigoríficos para ampliar as escalas de abate, que permanecem curtas, variando entre três e seis dias úteis, segundo o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado.
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo apresentaram os seguintes destaques na última quinta-feira (16): em São Paulo, a arroba subiu 1,52%, alcançando R$ 335; em Goiás, a valorização foi de 3,17%, com o preço atingindo R$ 325. Em Minas Gerais e Mato Grosso, os aumentos foram de 1,59%, para R$ 320, enquanto em Mato Grosso do Sul a alta chegou a 3,13%, com a arroba sendo negociada a R$ 330. Em Rondônia, o preço fechou em R$ 295, com um avanço de 1,72%.
No mercado externo, o desempenho das exportações de carne bovina brasileira segue aquecido, contribuindo para a sustentação dos preços. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que o Brasil exportou 66,397 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada até a segunda semana de janeiro, gerando uma receita de US$ 335,83 milhões.
O valor médio diário exportado subiu 28,5% em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto a quantidade média diária embarcada aumentou 14,9%. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.057,90, um avanço de 11,8% frente ao mesmo período de 2024.
O mercado atacadista também apresentou movimentações significativas na semana. O quarto dianteiro do boi registrou um aumento de 8,82%, sendo cotado a R$ 18,50 por quilo. Já o quarto traseiro apresentou queda de 1,12%, com o preço atingindo R$ 26,50 por quilo.
De acordo com Iglesias, o bom desempenho das exportações ajuda a enxugar a oferta no mercado interno, permitindo reajustes nos preços. Entretanto, o baixo poder de compra da população brasileira pode limitar aumentos mais expressivos nos cortes de carne bovina.
Para os especialistas, o cenário de valorização do boi gordo deve persistir no curto prazo, especialmente devido à forte demanda externa e às restrições na oferta. No entanto, o comportamento do mercado interno será determinante para a continuidade do movimento de alta. “A dinâmica atual favorece novos ajustes, mas é essencial observar como o consumidor local reagirá, principalmente em um contexto de limitações econômicas”, concluiu Iglesias.