O Ibovespa encerrou 2024 em forte baixa, acumulando uma queda de 10,36% no ano, o pior desempenho registrado desde 2021. O índice, que começou o ano na casa dos 135 mil pontos, recuou para o patamar de 120 mil pontos, frustrando as expectativas de analistas.
Entre os fatores que contribuíram para o resultado negativo estão a elevação dos juros no Brasil, o cenário fiscal doméstico marcado por incertezas e a manutenção de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos.
No Brasil, a situação fiscal foi um dos principais entraves para o desempenho do mercado. Embora o governo tenha aprovado medidas como o pacote fiscal e tenha adiado o debate sobre a reforma do Imposto de Renda para 2025, investidores mostraram ceticismo em relação à capacidade do governo de reduzir a dívida pública e controlar os gastos.
As expectativas de inflação desancoradas e a deterioração do ambiente econômico levaram o Banco Central a reverter o ciclo de afrouxamento monetário iniciado no começo do ano. A Selic, que começou 2024 em 11,25%, foi elevada sucessivamente até atingir 12,25% em dezembro, com sinalizações de que pode chegar a 14% ao ano até março de 2025.
No cenário internacional, a política monetária do Federal Reserve (Fed) também trouxe desafios. Apesar de expectativas iniciais de cortes expressivos nos juros norte-americanos, o Fed realizou apenas três reduções ao longo do ano, somando 100 pontos-base. Isso resultou em ganhos nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), valorizando o dólar e reduzindo a atratividade dos mercados emergentes.
Outro elemento que impactou o fluxo de capitais foi a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, acompanhada por medidas protecionistas que reforçaram o dólar e aumentaram a aversão ao risco.
Com os juros altos nos EUA, investidores optaram por ativos considerados mais seguros, como os Treasuries, em detrimento de investimentos em mercados emergentes, o que intensificou a saída de capital do Brasil.
2025
O desempenho negativo do Ibovespa em 2024 é resultado de uma combinação de fatores locais e externos. O Banco Central brasileiro já sinalizou novas altas na Selic e o mercado, uma possível manutenção dos juros elevados nos EUA.