30/12/2024 às 08h45min - Atualizada em 30/12/2024 às 08h45min

China anuncia investigação sobre carne bovina importada; a medida é vista como protecionismo

Queda no preço do boi chinês e excesso de oferta pressionam mercado

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Foto: reprodução

O Ministério do Comércio da China anunciou uma investigação sobre as importações de carne bovina fresca, resfriada, congelada e cabeças de boi, abrangendo o período de janeiro de 2019 a junho de 2024. O movimento, impulsionado por entidades locais do setor pecuário, gera apreensão entre exportadores, especialmente no Brasil, maior fornecedor da proteína para o mercado chinês.

 

Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) destacou que, em 2024, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina para a China, suprindo parte da demanda do país, cuja produção local é de cerca de 12 milhões de toneladas.

 

Especialistas, no entanto, enxergam a medida como protecionista. Segundo Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, o preço do boi chinês, atualmente mais baixo que o do brasileiro em dólares, tem pressionado o mercado local. "Com a entrada de carne importada, o governo busca conter essa pressão e estimular o consumo de carne suína, um produto historicamente relevante para os chineses", explicou.

 

O cenário se agrava com a possibilidade de aumento nas tarifas de importação de 12% para 22%, o que pode impactar o volume exportado pelo Brasil. Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, reforça que tal medida pode ser uma tentativa de reduzir a concorrência para a produção local e priorizar a recuperação da suinocultura, que sofreu severamente com a Peste Suína Africana em 2018.

 

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) brasileiro informou que, em conjunto com o setor exportador, apresentará dados para comprovar que a carne bovina brasileira complementa a produção chinesa sem prejudicar o mercado local.

 

Embora o impacto no mercado brasileiro ainda não possa ser mensurado, analistas recomendam atenção à biosseguridade e estratégias para conquistar novos mercados, como Japão e Coreia do Sul, especialmente com o avanço para eliminar a febre aftosa até 2026.

 

"Apesar do cenário atual, o Brasil permanece como parceiro estratégico da China, devido à competitividade em preço, volume e sanidade do produto", concluiu Iglesias.

 

 


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