21/07/2021 às 15h31min - Atualizada em 21/07/2021 às 15h31min

Ibovespa tenta ampliar recuperação com blue chips, mas carece de fluxo

A bolsa brasileira alterna ligeiras altas e baixas desde a abertura do pregão, sem forças para se firmar no campo positivo, apesar da continuidade hoje da recuperação engatada ontem nos mercados internacionais e também dos ganhos das ações de maior peso no Ibovespa (blue chips). Porém, os negócios locais seguem reféns do apetite dos estrangeiros, em meio à ausência de novidades no front.

  • Leia também: Dólar acompanha exterior em dia de volatilidade

Às 12h45, o Ibovespa estava estável, aos 125.405 pontos, depois de subir até os 126.112 pontos, na máxima. Na mínima, o índice à vista caiu até os 125.247 pontos. Em Wall Street, os índices Dow Jones e S&P 500 subiam 0,68% e 0,59%, respectivamente. Entre as commodities, o barril do petróleo sobe firme tanto em Londres quanto em Nova York, testando a faixa de US$ 70, mas o minério de ferro caiu na China (Dalian).

Para o chefe da mesa de commodities de um banco estrangeiro, que preferiu não ser identificado, os preços das matérias-primas industriais e agrícolas seguem "presos" às condições globais de oferta e demanda. Porém, ele cita a atuação da China para conter a alta dos preços das commodities, de modo a evitar um contágio sobre a inflação.

Além disso, o gestor do banco chama a atenção para as dúvidas em relação à demanda futura e à restrição na oferta. “A quantidade de peças que o mercado está tentando digerir parece maior que o normal e mostra o quão difícil é a situação atual”, comenta o especialista na área de commodities.

Nesse debate, chama a atenção o fato de a Vale estar começando a alargar a produção, gradualmente, conforme apontou ontem o relatório trimestral. “A capacidade atual já é de 1 milhão de toneladas por dia, portanto, 365 MMt/ano, muito próximo do pré-Brumadinho (400 MMt/ano)”, ressalta o economista da Senso Corretora João Augusto Frota.

Por outro lado, o chefe de alocação da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, observa que o acordo bipartidário nos Estados Unidos pode não acontecer. “O pacote de infraestrutura está bem difícil de sair. Então o investimento deve ser muito menor e a esperada demanda crescente por minério de ferro pode não se confirmar”, explica.

Esse comportamento se reflete nas ações: Vale ON oscila em baixa de 0,08%, enquanto Petrobras tem +0,18% nas ON e +0,45% nas PN. Nos bancos, Bradesco PN recua 0,21% e Itaú Unibanco PN ensaia alta de 0,24%. Nos destaques, IRB ON lidera as altas (+2,89%). Na outra ponta, as perdas são lideradas por Cogna ON (-1,47%).

O executivo-chefe da Convex, Richard Rytenband, chama a atenção também para o debate sobre inflação acelerando e economia desacelerando. “Quando se avalia o ritmo da atividade econômica tem-se já há algum tempo uma desaceleração na China e há algumas semanas na própria economia global”, observa.

Para ele, tal comportamento sinaliza o início de um aperto da colossal liquidez no sistema financeiro mundial. “Quando avalia-se por diversas métricas, como a oferta monetária global, a liquidez está perdendo fôlego e começando a se reduzir”, ressalta Rytenband.

O CEO da consultoria lembra que uma eventual reversão dos recursos injetados pelos principais bancos centrais globais desde março do ano passado teria sérios impactos na precificação dos ativos de risco, bem como na própria atividade econômica no curto prazo. Nesse sentido, um operador sênior de renda variável de uma corretora nacional chama a atenção para o déficit de capital externo na bolsa brasileira neste mês.

Dados da B3 mostram que o fluxo dos investidores estrangeiros no mercado secundário (ações listadas) está negativo em quase R$ 5 bilhões, após cinco retiradas consecutivas até a última segunda-feira, somando oito saídas diárias na parcial de julho. “Tem que esperar as férias [de verão, no hemisfério norte] passar, para ver se os ‘gringos’ voltam”, comenta o profissional.

Segundo ele, as instituições financeiras cujo perfil de clientes são majoritariamente estrangeiros atuam hoje fortemente nas duas pontas (compradora e vendedora). “Porém, estão mais fortes na venda e o fluxo de compra está concentrado em Vale e Petro”, completa, referindo-se ao giro de pouco mais de R$ 10 bilhões movimentado até o momento. A projeção é de giro de R$ 30 bilhões até o fim do dia.

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