Foto: reprodução O cenário econômico atual, com o dólar na faixa dos R$ 6,20 e a Selic a 14,25%, tem gerado impactos distintos para o agronegócio brasileiro, conforme análise do professor e pesquisador Leandro Gilio, especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper. Para os exportadores, o dólar mais alto pode aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global no curto prazo. No entanto, a moeda mais forte também eleva os custos para a aquisição de insumos, já que mais de 80% deles são importados.
O novo Plano Safra 2025/2026, que deve ser lançado em meados de 2025, também pode ser impactado por essa conjuntura. Caso o governo mantenha a Selic elevada, será necessário mais subsídios para manter as taxas de juros e o volume de recursos disponíveis. No entanto, devido aos desafios fiscais enfrentados pelo governo, a expectativa é que as taxas de juros subam, o que afetaria ainda mais o financiamento do setor.
Além disso, os preços das terras agrícolas, que já estão elevados desde 2021, podem continuar subindo, especialmente em momentos de instabilidade econômica, quando há uma tendência maior de investimentos no mercado imobiliário rural. Quanto aos investimentos em Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias do Agronegócio), Gilio acredita que pode haver um afastamento dos fundos não atrelados ao CDI, com os investidores migrando para alternativas mais atrativas, como os títulos públicos.
Por fim, o pesquisador do Insper alerta para o aumento de recuperações judiciais no agronegócio. Com a restrição de crédito e a elevação dos juros, a tendência é de que o número de empresas do setor buscando recuperação judicial também aumente.
