28/08/2021 às 00h00min - Atualizada em 28/08/2021 às 00h00min

Juros médios e longos têm forte queda com discurso de Powell em Jackson Hole

Refletindo o discurso sem surpresas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powel — que impactou na redução dos rendimentos sobre os títulos de dez anos do Tesouro americano (Treasuries) —, os juros futuros de médio e longo prazos fecharam a sexta-feira (27) em queda firme por aqui, de cerca de 10 pontos-base (0,1 ponto percentual) em relação ao ajuste anterior.

Assim, finalizado o pregão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 anotou leve alta de 6,76% no ajuste anterior para 6,765%; a do DI para janeiro de 2023 cedeu de 8,47% para 8,445%; a do contrato para janeiro de 2025 caiu de 9,42% para 9,34% e a do DI para janeiro de 2027 foi de 9,80% para 9,69%, na mínima do dia.

No encontro de banqueiros centrais em Jackson Hole, Powell sinalizou que o processo de redução de compra de ativos ("tapering") pode se iniciar neste ano, mas o chairman do Fed deixou em aberto o timing do início da diminuição. Além disso, pontuou que um aperto monetário de forma prematura causaria danos à economia americana.

O discurso de Powell no simpósio anual de Jackson Hole foi bem recebido pelos participantes do mercado, que tiveram uma leitura mais “dovish” (favorável à manutenção dos estímulos) sobre as declarações. Powell reforçou que não há uma ligação mecânica entre o início da redução de compras de ativos e o ciclo de elevação de taxas de juros e, além disso, apontou para a possibilidade de início do “tapering” em 2021, mas não garantiu isso, ao citar riscos para a recuperação da economia.

A avaliação mais “dovish” do discurso de Powell foi o suficiente para fazer com que as taxas futuras se firmassem em queda, bastante expressiva no “miolo” da curva, em especial, que foram às mínimas do dia após as declarações do dirigente. “Ainda que esperássemos gradualismo na fala do presidente, e que haveria apenas uma sinalização sobre a redução do ritmo de expansão do ‘balance sheet’, a autoridade reiterou inúmeras vezes a necessidade de se estimular o emprego até seu máximo, o que ainda permanece longe a despeito da inflação elevadíssima”, aponta o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Para Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon, o discurso de Powell foi “neutro”, levando em conta a menção ao ‘tapering’ e aos possíveis danos gerados por um aperto. “A reação do mercado foi totalmente ‘dovish’, mas não achei as declarações tão fortes nesse sentido. O mercado reagiu bem porque já tinha andado com outros ‘Fed boys’”, diz Alves, referindo-se às declarações recentes lidas como “hawkish” (inclinadas à retirada dos estímulos) por presidentes de distritais do Fed.

Vale apontar que o bom humor no mercado de juros também se deu após comentários de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Roberto Campos Neto, presidente do BC brasileiro. Durante a manhã, em evento da Febraban, o deputado tentou amenizar preocupações relacionadas ao feriado do Dia da Independência e a manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Além disso, Lira disse que a Câmara não permitirá o rompimento do teto de gastos para que se pague o Auxílio Brasil. No mesmo evento, Campos Neto discursou depois de Lira e disse ter ficado empolgado com o discurso, que teve uma mensagem fiscal “forte”.

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