O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), deflagrou a Operação Leite Conpen$ado 13, nesta quarta-feira, levando à prisão um químico industrial conhecido entre os fraudadores como o “alquimista” ou o “mago do leite”.
A investigação apontou irregularidades na produção de derivados lácteos, como leite UHT, leite em pó, soro e compostos, em uma indústria localizada no município de Taquara, a 80 km de Porto Alegre. Entre as práticas ilícitas identificadas estão a adição de soda cáustica, água oxigenada e outras substâncias prejudiciais à saúde. Também foram encontrados pelos indefinidos e pontos de sujeira dentro de embalagens. As marcas envolvidas ainda não tiveram a divulgação autorizada pela Justiça.
Além do químico, foram presos o sócio-proprietário da empresa e dois gerentes. A operação marca o retorno das ações 12 anos após sua primeira fase e mais de sete anos depois da 12ª etapa. O “alquimista”, que já havia sido alvo na quinta fase da operação em 2014, é reincidente na prática de adulteração de laticínios, tendo participado de esquemas semelhantes em uma indústria de Imigrante, no Vale do Taquari.
Embora tenha sido absolvido de uma condenação de 2005 por fato semelhante ele aguardava há dois anos para a colocação de uma tornozeleira eletrônica e pelo desfecho judicial da Leite Compen$ado 5
A ofensiva contou com a colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (Decon), além do apoio da Brigada Militar. No total, 110 agentes cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências nas cidades gaúchas de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e em São Paulo.
Segundo o promotor Mauro Rockenbach, após a última fase da operação, em 2017, as denúncias de adulteração no leite haviam diminuído, mas a denúncia recebida em 2024 revelou um esquema mais sofisticado e com novos riscos. “
Já o promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho destacou que, além de ajustar o PH do leite, a soda cáustica volatiza rapidamente, dificultando sua detecção. Ele também alertou para o uso de códigos como “vitamina” e “receita” pelos envolvidos, em uma tentativa de despistar investigações.
Os promotores informaram que as fraudes não se limitaram ao leite UHT, mas também atingiram compostos lácteos, leite em pó e soro de leite. Produtos vencidos foram reprocessados, e substâncias como água oxigenada foram usadas para mascarar a deterioração.
Os produtos adulterados pela indústria de Taquara foram distribuídos para todo o Brasil e exportados para a Venezuela. A empresa também venceu licitações para fornecer laticínios a escolas em diferentes estados, incluindo uma cidade de São Paulo.
Enquanto análises iniciais confirmaram a presença de substâncias nocivas, novos exames serão realizados para identificar os lotes específicos contaminados. A divulgação das marcas envolvidas depende de autorização judicial.