A bolsa brasileira ouviu do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o tom suave que era esperado para manter o apetite por risco, favorecendo os ativos emergentes. Apesar de afirmar que a redução dos estímulos pode começar neste ano, Powell não adotou o viés duro apresentado ontem por outros dirigentes em Jackson Hole, animando o Ibovespa, que é embalado pelas ações de maiores peso (blue chips).
Por volta das 13h30, o Ibovespa subia 1,16%, aos 120.113 pontos, não muito distante da pontuação máxima do dia, aos 120.327 pontos. O índice à vista ainda não foi negociado em baixa hoje, segurando-se na estabilidade, na mínima até então. O volume financeiro do Ibovespa somava R$ 9,2 bilhões, projetando giro de R$ 19,2 bilhões até o fim do dia. Com o resultado, o índice à vista caminha para fechar a semana com alta de quase 2%.
“O mercado gostou do pronunciamento do Powell”, resume o chefe de renda variável da Renova Invest, Rodrigo Friedrich. Ele explica que apesar do presidente do Fed afirmar que a reversão da política de estímulos monetários pode ter início até o fim do ano, isso não significa que a postura será menos acomodatícia. “Ele deixou claro que o aumento dos juros não está atrelado à diminuição do programa de compra de títulos.”
Para o operador de renda variável da B.Side Investimentos, Lucas Mastromonico, as declarações do presidente do Fed foram importantes por deixarem o horizonte mais bem definido, eliminando boa parte das incertezas que pairavam em relação à redução da compra de títulos públicos (tapering). “O mercado reagiu positivamente porque o Fed deu um norte”, explica.
Ainda assim, o sócio-economista da BRA Investimentos, João Beck, avalia que Powell foi evasivo em dar detalhes sobre o momento exato e a velocidade na redução de estímulo. “Ele não deu nenhum sinal forte sobre a redução da compra de ativos e limitou-se em sugerir que algum tapering, se ocorrer, deverá ser mais perto do fim do ano”, pondera.
Como resultado, a bolsa acelerou o movimento de alta que já era exibido desde a abertura do pregão, acompanhando o aumento dos ganhos em Wall Street, na esteira das declarações de Powell. Além disso, o dólar intensificou a desvalorização em relação ao real, passando a testar a faixa de R$ 5,20, ao passo que a curva a termo local aumentou o ritmo de retirada dos prêmios.
“O desempenho nos mercados hoje deve continuar neste patamar, sem novo gatilho para subir mais”, destaca Ribeiro, da Wise. Ainda no horário acima, o dólar comercial recuava 0,95%, cotado a R$ 5,2069, ao passo que o contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,36%, de 9,42% no ajuste anterior e o DI para janeiro de 2027 estava em 9,71%, de 9,80%, na mesma comparação. Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tinham altas de 0,60% e de 0,78%, nesta ordem.
Entre as commodities, o minério de ferro subiu no porto de Qingdao (China) e o petróleo tem alta firme no mercado internacional. Em reação, Vale ON subia 2,27%, enquanto Petrobras tinha altas de 2,16% e de +2,58% nas ações ON e PN. Entre os destaques positivos, Usiminas PNA saltava 5,60% e PetroRio ON ganhava 5,59%. CSN ON vinha mais atrás, com +2,02%.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN crescia 1,65% e Bradesco PN ganhava 1,09%. Na outra ponta, Americanas ON liderava as quedas, com -2,24%.