A Itália está pressionando por mudanças nas seções agrícolas do projeto de acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, informou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, na quarta-feira (4). O rascunho do acordo, firmado em 2019, visa criar cotas de importação para a UE de produtos agrícolas dos países do Mercosul — incluindo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — sem tarifas ou com taxas reduzidas.
Entretanto, a proposta tem gerado resistência, especialmente entre os agricultores da UE, que temem que o acordo agrave problemas existentes, como a competição com importações baratas, regulamentações rigorosas e uma queda na renda. Tajani, durante uma reunião ministerial da Otan em Bruxelas, afirmou que a Itália apoia o acordo, mas enfatizou a necessidade de correções nas questões agrícolas: “Estamos trabalhando para tentar alcançar esse objetivo porque, no que diz respeito à política industrial, estamos indo na direção certa”, destacou.
O ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida, já havia classificado o rascunho como “inaceitável” no mês passado. Lollobrigida pediu que os países do Mercosul se comprometam a seguir os mesmos regulamentos da União Europeia, especialmente em relação aos direitos dos trabalhadores e à proteção ambiental.
Enquanto isso, o acordo é amplamente apoiado pelos países do Mercosul e encontra defensores na Alemanha e na Espanha. O bloco do Mercosul se reunirá no Uruguai nesta quinta-feira (5), com expectativas de que as negociações finais possam ser concluídas e o acordo finalmente ratificado, após longas discussões.