03/12/2024 às 09h54min - Atualizada em 03/12/2024 às 09h54min

O que trava a assinatura do acordo União Europeia-Mercosul?

Especialistas afirmam que críticas europeias ao Brasil carecem de embasamento técnico e reforçam o potencial do agronegócio brasileiro

- Da Redação, com MoneyTimes
Foto: reprodução

O esperado acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia enfrenta resistência, especialmente do setor agrícola europeu, o que tem dificultado sua assinatura. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha declarado que espera a formalização do pacto até o fim deste ano, a negociação continua sendo afetada por críticas vindas de empresas e representantes da Europa, como Danone, Carrefour e Tereos, que questionam as condições de concorrência com os produtores europeus.

 

Recentemente, Olivier Leducq, CEO da Tereos, criticou o acordo, alegando que ele prejudicaria os agricultores da Europa. Embora tenha recuado das declarações, Leducq mantém a posição de que a concorrência com o Mercosul não seria justa. Por outro lado, Alexandre Bompard, CEO do Carrefour, anunciou a decisão de não comercializar carne proveniente do bloco, o que gerou boicote de frigoríficos brasileiros. No entanto, o Carrefour acabou voltando atrás, lamentando a postura adotada.

 

De acordo com o pesquisador da FGV, Leonardo Munhoz, o grande obstáculo para a assinatura do acordo é o setor rural europeu, especialmente na França, onde a proteção a esse setor é historicamente forte devido aos subsídios. A maior competição externa representada pelo acordo gera insegurança para os produtores da Europa. Munhoz afirma que as críticas de empresas francesas sobre as condições ambientais e sanitárias no Brasil não têm embasamento técnico e são, na verdade, estratégias protecionistas.

 

O professor Leandro Gilio, do Insper, destaca que o agro brasileiro segue padrões internacionais rigorosos de qualidade e sanidade, com destaque para o Código Florestal Brasileiro, considerado um dos mais restritivos do mundo. Já Daniel Vargas, da FGV, argumenta que o Brasil se destaca em sustentabilidade, com uma matriz energética renovável de 81% e grande parte do território preservado em vegetação nativa.

 

Ambos os especialistas concordam que, embora o Brasil ainda tenha pontos a melhorar, como o combate ao desmatamento ilegal, o agronegócio brasileiro está em conformidade com exigências globais e tem muito a ganhar com a concretização do acordo, que beneficiaria tanto os produtores brasileiros quanto as empresas europeias.

 

 


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