O gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Mitsuo Minamiguchi, afirmou que dados preliminares do registro civil e do Ministério da Saúde apontam para excesso de mortes, principalmente entre idosos, e diminuição dos nascimentos por causa da pandemia.
Segundo ele, “não há dúvidas sobre o impacto da pandemia na população brasileira”, mas que o efeito real só será conhecido com os dados do Censo Demográfico de 2022. Além disso, o técnico destacou que, quanto menor é o tamanho do território, maior é a chance dessa influência. Isso significa, portanto, que as maiores diferenças entre a estimativa da população divulgada hoje pelo IBGE e aquela que será conhecida após o Censo se dará no âmbito dos municípios e Estados.
“Olhando somente pela ótica dos óbitos, [a pandemia] pode ter jogado a taxa de crescimento da população para baixo. Mas o efeito real mesmo, como a população não varia só por óbitos, não temos ideia real de como foi impactado”, disse Minamiguchi, lembrando do impacto da taxa de natalidade e da migração entre estados e municípios para o resultado. Com a ampla adoção do home office, muitos brasileiros mudaram de cidade.
O IBGE divulgou nesta sexta-feira a estimativa da população para 2021, com data de referência de 1º de julho, mas esclareceu que os números não incorporam os efeitos da pandemia. O total da população atingiu, nesta data, 213,3 milhões de pessoas, uma alta de 0,7% em relação ao total de 211,8 milhões de 2020.
A estimativa foi feita com base na revisão das projeções da população para 2018, que usa informações dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. O Censo Demográfico previsto para 2020 foi adiado por causa da pandemia e o de 2021, por causa da falta de recursos no Orçamento. O início da coleta do Censo 2022 está previsto para junho, com duração de três meses.
Após algumas semanas, serão divulgados os números atualizados da população brasileira, movimento que já ocorreu no Censo de 2010 em função da digitalização das operações. Até 2000, como os questionários eram feitos em papel, o resultado só era conhecido no ano seguinte.
O gerente do IBGE ressaltou que os maiores impactos da pandemia nos números da população brasileira devem se dar nos municípios e estados. “Possivelmente a população total vai variar menos”, disse.
Na sua avaliação, a pandemia pode até mesmo antecipar o início da queda da população brasileira, hoje previsto para ocorrer em 2048. Para ele, isso se deve mais a possíveis mudanças na taxa de natalidade que pelos óbitos.
“[Para entender] Como a pandemia vai alterar a variação da população, é necessário um pouco mais de tempo. Mas ela pode antecipar certas tendências, como quando vai começar a ter de fato redução da população no Brasil, pode antecipar este momento para alguns estados”, afirmou, explicando. “Mas essa antecipação deve ser muito mais das mudanças do padrão reprodutivo da população que por excesso de mortes. É possível que existam mudanças comportamentais do ponto de vista como as pessoas encaram maternidade, paternidade, o número esperado de filhos, tamanho da família”.