A indústria brasileira perdeu 9,2% dos postos de trabalho, o equivalente a 769,3 mil vagas, entre 2010 e 2019. Os dados foram apresentados hoje na Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto 2019, divulgada pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total empregado no setor caiu de 8,387 milhões em 2010 para 7,618 milhões em 2019.
A redução da força de trabalho foi puxada pela indústria de transformação, que responde por 97,5% do emprego da indústria. Em 2010 eram 8,212 milhões empregados nesse tipo de indústria, montante que passou a 7,426 milhões em 2019. Já nas indústria extrativas houve aumento na força de trabalho, que era de 175 mil pessoas em 2010 e passou a 192 mil em 2019.
A fabricação de produtos alimentícios concentrou a maior parte do pessoal ocupado na indústria de transformação em 2019, com 22,2% do total, enquanto na indústria extrativa, o maior empregador naquele ano foi o segmento de extração de minerais metálicos, responsável por 45,2% das vagas no setor.
Entre as maiores variações positivas, o IBGE destacou o crescimento de 377,4% na ocupação no segmento de extração de petróleo e gás natural entre 2010 e 2019, além das altas de 51,3% na fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis; de 41% na extração de minerais metálicos; de 16,2% na fabricação de bebidas; e de 10,9% na manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos.
No sentido contrário, as maiores reduções de pessoal ocupado na indústria entre 2010 e 2019 vieram da extração de carvão mineral (-41%); fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-27,7%); fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-27,5%); preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-26,5%); e impressão e reprodução de gravações (-26,4%).
Em termos de salários, a média paga pela indústria brasileira caiu de 3,4 salários mínimos em 2010 para 3,2 salários mínimos em 2019. Apesar de ter um valor médio mais elevado, o salário médio pago pela indústria extrativa apresentou um recuo maior, passando de 5,9 salários mínimos em 2010 para 4,6 salários mínimos em 2019. Na indústria de transformação, a média caiu de 3,3 salários mínimos em 2010 para 3,1 salários mínimos em 2019.
Em 2019, os maiores salários médios estavam nos segmentos de extração de petróleo e gás natural, com 23 salários mínimos; nas atividades de apoio à extração de minerais, com 9,7 salários mínimos; e na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com 7 salários mínimos.
Em termos de média de pessoas ocupadas, houve queda de 28 para 25 funcionários por empresa industrial entre 2010 e 2019. Nas indústrias extrativas, essa média caiu de 34 para 30 pessoas no período, enquanto na indústria de transformação o recuo foi de 28 para 25 pessoas ocupadas.
Os maiores índices de pessoas ocupadas foram observados na fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, com 668 funcionários em média; na extração de minerais metálicos, com 374 funcionários em média; e na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com 220 funcionários em média.
O IBGE também calculou a produtividade média do trabalho na indústria. Em 2019, cada trabalhador adicionou, em média, R$ 184 mil à produção. Essa produtividade foi maior nas indústrias extrativas, com R$ 725,9 mil por trabalhador, enquanto na indústria de transformação a produtividade ficou em R$ 170 mil por trabalhador. As maiores produtividades foram verificadas na extração de petróleo e gás natural, com R$ 8,577 milhões por trabalhador; na extração de minerais metálicos, com R$ 1,057 milhão por funcionário; e na fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, com R$ 951,9 mil por empregado.
O IBGE ressaltou ainda que a produtividade do trabalhador foi mensurada como a razão entre o valor da transformação industrial e o pessoal ocupado na empresa.
Também houve aumento da concentração industrial nas oito maiores empresas do país, mais uma vez puxada pela indústria de transformação. No geral, as oito maiores empresas em termos de valor de transformação industrial representavam 22,3% do total em 2010 e passaram a 24,7% em 2019. Na indústria de transformação, esse percentual variou de 19,6% para 23%, enquanto na indústria extrativa passou de 75,5% para 74%.
A maior concentração em 2019, de 97,5%, ficou na extração de carvão mineral, enquanto na extração de minerais metálicos foi de 91,6% e chegou a 90,7% na extração de petróleo e gás natural.