07/11/2024 às 09h32min - Atualizada em 07/11/2024 às 09h32min

Copom eleva juros básicos da economia para 11,25% ao ano

Alta do dólar e preços dos alimentos influenciam decisão do Banco Central; expectativa de inflação sobe

- Da Redação, com Agência Brasil
Foto: reprodução
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta terça-feira (6), a elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, passando para 11,25% ao ano. A medida já era esperada pelo mercado financeiro e ocorre após um ciclo de redução iniciado em 2023, quando a taxa estava em 13,75% ao ano. A última alta, de 0,25 ponto, ocorreu em setembro deste ano.

A decisão do Copom foi influenciada principalmente pela recente valorização do dólar e pela pressão inflacionária causada, entre outros fatores, pelo aumento no preço dos alimentos, especialmente devido à seca no início de 2024. O Comitê também apontou as incertezas em torno da economia global e da inflação, em especial nos Estados Unidos, como elementos que justificaram o ajuste na taxa.

Em comunicado, o Copom destacou que o cenário internacional continua instável, com a economia dos Estados Unidos apresentando maiores riscos. Embora o texto não tenha se referido diretamente às eleições norte-americanas e ao ex-presidente Donald Trump, o Comitê mencionou a "conjuntura econômica incerta", que levanta dúvidas sobre a desaceleração da inflação naquele país e a postura do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, nas próximas decisões de política monetária.

Além disso, o Banco Central também tem acompanhado de perto a política fiscal brasileira e cobrado ajustes nos gastos públicos. A autoridade monetária reforçou que uma política fiscal “crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida” será essencial para ajudar a ancorar as expectativas de inflação no país, impactando diretamente a efetividade das políticas monetárias.

A medida visa controlar a inflação no Brasil, cujo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 0,44% em setembro, puxado pelo aumento das contas de energia elétrica e dos preços dos alimentos. O indicador acumula uma alta de 4,42% nos últimos 12 meses, ficando cada vez mais próximo do teto da meta deste ano, que é de 4,5%.

Com a projeção de inflação em 4,6% para 2024, acima do teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), o Copom revisou suas estimativas. No último Relatório de Inflação, divulgado em setembro, o Banco Central já havia elevado a previsão de IPCA para o ano, que anteriormente estava em 4,3%. A previsão do mercado financeiro, através do Boletim Focus, também aponta uma inflação superior à meta, com estimativa de 4,59%.

O aumento da Selic tem como principal objetivo conter a inflação ao encarecer o crédito, desestimulando o consumo e a produção. No entanto, essa medida também tem efeitos colaterais, como a redução do crescimento econômico. O Banco Central, que já havia ajustado a projeção de crescimento do PIB para 2024 para 3,2%, deve manter esse equilíbrio entre o controle da inflação e a preservação do crescimento.
Com o aumento da taxa básica de juros, o custo do crédito também tende a subir, impactando diretamente os financiamentos e empréstimos, tanto para empresas quanto para consumidores. Por outro lado, juros mais altos incentivam a poupança e ajudam a segurar o consumo excessivo, que é uma das principais causas da pressão inflacionária.
 
No entanto, o Copom alertou que o futuro da inflação dependerá das condições econômicas internacionais, das escolhas fiscais do governo brasileiro e do cenário global, como a política monetária do Fed. Esse aumento de juros pode ser um reflexo da necessidade de maior cautela frente à instabilidade econômica que marca o cenário atual.

O Comitê também mencionou que continuará monitorando a evolução da inflação e outros fatores econômicos que possam impactar a trajetória de política monetária nos próximos meses, com a perspectiva de que o crescimento do Brasil se estabilize em um ritmo mais modesto devido à alta dos juros.

O próximo Relatório de Inflação, que será divulgado no fim de dezembro, deve trazer mais detalhes sobre as previsões do Banco Central e os ajustes necessários para equilibrar a política monetária, fiscal e as expectativas do mercado.

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