28/10/2024 às 10h33min - Atualizada em 28/10/2024 às 10h33min
A importância da pecuária para garantir a sustentabilidade no Pantanal
Marcelo Bertoni, presidente do Sistema Famasul, organização associada à MBPS.
Divulgação: Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável Caros, leitores. Esta semana, trazemos um artigo produzido por Marcelo Bertoni, presidente do Sistema Famasul, organização associada à MBPS sobre a importância da pecuária para garantir a sustentabilidade no Pantanal. Boa leitura!
O Pantanal abriga a maior planície alagável do mundo, sendo um bioma de riqueza natural inigualável, reconhecido pela biodiversidade e pelo papel essencial no equilíbrio ambiental. Com cerca de 15 milhões de hectares, 64% estão em Mato Grosso do Sul, ocupando 27% do território do nosso estado. Sua preservação e desenvolvimento sustentável dependem diretamente das atividades econômicas praticadas na região, e a pecuária tem papel de destaque. Muito além de uma simples atividade produtiva, a pecuária pantaneira é um dos principais pilares da sustentabilidade da região, pois gera empregos e renda, ao mesmo tempo que contribui para o alto grau de preservação do bioma.
A pecuária desenvolvida na região tem séculos de história. Atualmente, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) aponta a existência de 8.182 propriedades rurais no Pantanal, desse total, 3.708 são localizadas em Mato Grosso do Sul. O bioma abriga uma porcentagem significativa do rebanho de bovinos, equinos e ovinos do estado, representando 30%, 28% e 21%, respectivamente. O Pantanal sul mato-grossense é responsável pela produção de 800 mil bezerros/ano, 15% da produção do MS, que é o 4º maior produtor de carne bovina do país. Como prova de que essa pecuária centenária convive em harmonia com a fauna e a flora, dados da Embrapa e do IBGE indicam que 87,5% do Pantanal ainda está preservado, sendo que 97% do território está sob responsabilidade da iniciativa privada. Quando olhamos a fauna, o Pantanal possui 93,7% de todas as espécies animais consideradas menos preocupantes de sofrerem processo de extinção, melhor índice dentre os biomas brasileiros.
Mas a vida do pantaneiro não é fácil. Desde os primórdios ele lida com as dificuldades de acesso, falta de infraestrutura e disponibilidade de serviços. Além disso, o Pantanal é regido pelos ciclos de cheias e secas, o que torna o processo produtivo ainda mais desafiador, pois ora é água de enchente, ora é tempo muito seco. Mesmo assim, a cultura pantaneira fortalece a pecuária, pois é com o conhecimento e a experiência adquiridos ao longo dos séculos que o pantaneiro consegue vencer as adversidades naturais. Comprometidos com a sustentabilidade, os produtores buscam práticas e tecnologias para integrar a pecuária aos recursos naturais disponíveis. A divisão de invernadas para o melhor aproveitamento das pastagens nativas, o investimento em aguadas bem localizadas e a melhoria genética do rebanho são alguns exemplos de ações fundamentais para o sucesso da atividade.
Nesse sentido, a capacitação de trabalhadores e produtores rurais, com cursos e assistência técnica oferecidos por entidades como o Senar/MS, tem sido fundamental para modernizar as técnicas de manejo, conciliando o conhecimento empírico e científico. Ao mesmo tempo, entidades como a FAMASUL atuam na representação dos produtores pantaneiros frente ao poder público, em busca de políticas públicas que fomentem a pecuária pantaneira, com investimentos em estradas, pontes, escolas e pagamentos por serviços ambientais (PSA). Em 2023, o estado de Mato Grosso do Sul publicou a sua Lei do Pantanal, trazendo regramentos, normas e a criação de um fundo público para o futuro programa de PSA do Pantanal. Isso foi visto com muito bons olhos pelos pantaneiros, pois era um anseio antigo do setor produtivo, e agora de forma concreta irá valorizar a preservação que os produtores já fazem há séculos.
Por fim, ressaltamos que a integração entre produção econômica e conservação ambiental é o que torna o Pantanal um exemplo mundial de sustentabilidade. É através do conhecimento tradicional, aliados à ciência e à tecnologia, que a preservação do bioma continuará sendo assegurada pelos pantaneiros para as futuras gerações.
As opiniões contidas neste artigo não refletem necessariamente a opinião da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável.