17/10/2024 às 11h31min - Atualizada em 17/10/2024 às 11h31min

Queda acumulada do PIB do agronegócio atinge 3,5% em 2024 e preocupa o setor

Participação na economia brasileira pode cair para 21,8%, segundo análise do Cepea e da CNA

- Da Redação, com Canal Rural
Foto: Reprodução
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro registrou uma queda acumulada de 3,5% em 2024, com uma retração de 1,28% apenas no segundo trimestre. O desempenho negativo é atribuído à redução do valor bruto da produção, pressionada principalmente pela queda dos preços e pela menor produção esperada em alguns segmentos.

O recuo do setor pode reduzir sua participação na economia para 21,8% em 2024, abaixo dos 24% registrados no ano anterior, de acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
 
Segmentos mais afetados
Os principais segmentos do agronegócio registraram quedas significativas no primeiro semestre de 2024. O setor de insumos sofreu uma retração de 8,13%, com destaque para a indústria de fertilizantes e corretivos do solo, que projetou uma redução de 16,87% no valor bruto da produção anual.

Esse resultado se deve a uma queda de 16,99% nos preços, em comparação com os valores médios do primeiro semestre de 2023. A retomada das exportações de fertilizantes pela Rússia contribuiu para conter a elevação dos preços, mas novos aumentos são esperados devido às tensões geopolíticas no Oriente Médio.
 
O segmento primário, que inclui a produção agrícola e pecuária, caiu 1,77% no segundo trimestre. A redução foi mais expressiva na agricultura, refletindo a baixa nos preços das commodities e a menor demanda por insumos. Em contrapartida, o setor pecuário apresentou um crescimento de 3,78% no semestre, impulsionado pela expectativa de aumento na produção.
 
Os agrosserviços, outro pilar do setor, também registraram queda de 2,74% no primeiro semestre, com uma retração de 5,39% nos serviços de base agrícola, apesar de um crescimento nos serviços relacionados à pecuária. Já as agroindústrias sofreram uma leve retração de 0,62%, impactadas pela redução no valor da produção.
 
Impactos econômicos e desafios futuros
Com a previsão de o PIB do agronegócio atingir R$ 2,50 trilhões em 2024, sendo R$ 1,74 trilhão para o ramo agrícola e R$ 759,82 bilhões para o ramo pecuário, o setor enfrenta um cenário desafiador para manter sua relevância na economia brasileira.

Além da queda nos preços dos insumos e das commodities, outros fatores internos, como a desaceleração nas compras de fertilizantes pelos agricultores, contribuem para esse quadro. Até o fim do primeiro semestre, apenas 70% dos fertilizantes necessários nas principais regiões produtoras haviam sido adquiridos, percentual abaixo dos 80% registrados nos anos anteriores.
 
As perspectivas para o segundo semestre não são animadoras. Com o aumento das tensões geopolíticas, espera-se uma elevação nos preços dos fertilizantes, impactando o custo de produção. Além disso, a desvalorização dos grãos e do real frente ao dólar continua pressionando o desempenho econômico do agronegócio. 

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