25/08/2021 às 19h00min - Atualizada em 25/08/2021 às 19h00min

Dólar cai ao menor patamar em 2 semanas ajudado por exterior e dados locais

O alívio visto no mercado de câmbio ontem continuou a dar as cartas na sessão desta quarta-feira. Diante de um exterior ainda favorável e ajudado por dados locais, o real voltou a ter um dia positivo e ficou novamente na ponta da lista de moedas com melhor desempenho no dia.

No encerramento do pregão, o dólar foi cotado a R$ 5,2113, em baixa de 0,96%. Contra o peso filipino, a segunda divisa de melhor performance, o dólar caía 0,76% no horário de fechamento. Este também é o menor patamar de fechamento desde o dia 10, quando o câmbio fechou em R$ 5,1967. Com isso, o dólar cai -3,14% na semana, praticamente apagando os ganhos registrados em agosto ( 0,03%).

Embora o dia tenha começado um tanto volátil, com um ensaio de realização rondando o mercado, a tendência de baixa se firmou na segunda metade do pregão beneficiado por dois motivos. Um deles foi um enfraquecimento, na margem, do dólar global. A moeda americana tem oscilado nos últimos dias, refletindo a divisão dos participantes de mercado sobre o que, efetivamente, o simpósio anual de Jackson Hole irá trazer de concreto para a política monetária americana.

No Brasil, ainda com o pano de fundo de descompressão das tensões fiscais e políticas, houve também algum efeito dos dados locais. Logo pela manhã, o IBGE divulgou um IPCA-15 mais forte e com difusão mais intensa que o esperado. O dado reforça a leitura de que o Copom precisará fazer um ajuste maior da Selic este ano para lidar com a inflação.

"As pressões altas e disseminadas da inflação, o avanço dos custos, estímulos fiscais e prêmio de risco políticos maiores devem fazer com que o Banco Central continue a normalizar a política monetária, adiantando e intensificando as altas para acima da taxa neutra", escreve o economista do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

Outra notícia positiva para o real e outros ativos locais foi a alta real de 35,47% da arrecadação federal em julho na comparação anual. Em coletiva para comentar os números, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado. "Evidente que tem efeito da inflação, mas também há crescimento real", disse, aproveitando a ocasião para defender novamente a reforma tributária. "Quando propomos a reforma, estamos abrindo mão deste excesso de arrecadação pela frente. O objetivo é tirar o governo do cangote do povo brasileiro."

Na outra ponta, o BC divulgou que o Brasil teve déficit de US$ 1,584 bilhão em transações correntes em julho, contrariando uma expectativa de superávit de US$ 1,3 bilhão feita pela própria instituição. Segundo o chefe do departamento de Estatística, Fernando Rocha, essa surpresa foi causada principalmente pelo aumento das remessas de lucros, em especial os investimentos em carteira e Investimento Direto no País (IDP). Outros fatores que pesaram foram um "superávit da balança comercial ligeiramente abaixo" do esperado e um pagamento de juros "ligeiramente acima".

Para o chefe de pesquisa para a América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda, a surpresa não deve trazer preocupação no curto prazo, porque o déficit em 12 meses do Brasil continua baixo. Arruda chama atenção ainda para a leitura acima do esperado do IDP no mês passado. "O BC reportou entrada de US$ 6,1bilhões em julho e a leitura parcial de agosto também tem indicado entrada mais forte, de US$ 5,8 bilhões. Isso é importante porque acaba sendo sinalizador de investimento de longo prazo no Brasil", diz o profissional.

Segundo um experiente gestor de mercado, a forte alta do dólar nos últimos meses - deixando os R$ 5,00 para beirar os R$ 5,40, deixou o posicionamento técnico do mercado mais leve. Diante de uma melhora na margem dos cenários externo e local desde ontem, os investidores locais começam a se sentir mais confortáveis em voltar assumir posições otimistas no real, avalia.

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