25/08/2021 às 19h00min - Atualizada em 25/08/2021 às 19h00min

Juros médios e longos têm forte queda de olho em questão fiscal e exterior

Os juros futuros de médio e longo prazo encerraram a quarta-feira (25) em forte queda, de cerca de 20 pontos-base (0,2 ponto percentual), num movimento que refletiu a percepção mais positiva do mercado sobre o quadro fiscal.

Profissionais de mercado também observam que, como a curva de juros nominal tem trabalhado com elevados patamares, há espaço para fortes baixas. Ao mesmo tempo, o cenário externo se mostra favorável a ativos de risco, contribuindo para a boa performance de mercados emergentes.

Ao fim do pregão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de 6,69% para 6,715% e a do DI para janeiro de 2023 avançou de 8,42% para 8,45%. Já a do contrato para janeiro de 2025 variou de 9,59% para 9,43% e a do DI para janeiro de 2027 anotou baixa de 10,00% para 9,81%.

“Hoje vimos um catch-up na curva de juros. As taxas haviam piorado muito nos últimos dias e não voltaram na mesma intensidade que outros mercados”, aponta um gestor de renda fixa que prefere não se identificar. Ele observa que o dólar, que chegou a encostar em R$ 5,50, voltou a operar em torno de R$ 5,20, enquanto o Ibovespa voltou a ter ganhos no ano. “Por isso estamos vendo essa realização de lucros nos comprados em taxa na ponta longa”, aponta o profissional, ao se referir a investidores com posições que apostavam na alta das taxas.

O alinhamento dos mercados ainda se dá na esteira de declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu a responsabilidade fiscal ao falar sobre o Orçamento do próximo ano e sobre o teto de gastos, no momento em que o pagamento dos precatórios e o Auxílio Brasil são discutidos. Na noite de terça (24), ao participar da Expert XP, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também reforçou que o movimento fiscal teve alguma melhora no curto prazo, apesar dos ruídos.

Durante a tarde, o mercado teve um alívio forte, especialmente nos vértices de longo prazo, após os dados da arrecadação federal em julho, que superaram as estimativas dos analistas. Além disso, notícia do jornal “O Globo” de que aliados do governo avaliam retirar o pagamento dos precatórios do teto de gastos também teve influência na curva. Ontem, o Valor PRO serviço de informações em tempo real do Valor havia apontado que a ideia do fundo poderia ser retirada da PEC dos Precatórios.

Com o noticiário fiscal mais positivo ajudando a derrubar os juros longos, as taxas mais curtas abandonaram as máximas, mas continuaram em alta, após números do IPCA-15 de agosto acima do que o esperado, além da perspectiva de preços de energia mais altos neste ano.

Os economistas do ABC Brasil esperam mais duas elevações de 1 ponto na Selic e uma última alta de 0,50 ponto em dezembro, o que levaria a taxa para 7,75% no fim do ano. “Contudo, a persistirem essas pressões (e surpresas) inflacionárias correntes — bem como o seu efeito secundário sobre as expectativas —, julgamos que pode ganhar maior probabilidade um cenário alternativo de ajustes ainda mais tempestivos (duas altas de 125 pontos-base, seguidas por mais uma de 75 pontos-base) — levando a taxa básica para 8,50% em 2021”, apontam os profissionais.

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