25/08/2021 às 11h00min - Atualizada em 25/08/2021 às 11h00min

Dólar comercial recua e juros curtos têm alta firme após IPCA-15

Os juros futuros de curto prazo têm avanços firmes na manhã desta quarta-feira, após o dado acima das expectativas do mercado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) mostrar uma piora qualitativa nos núcleos (medida que desconsidera itens voláteis como energia e alimentação) inflacionários monitorados pelo Banco Central (BC). Enquanto isso, o dólar abriu os negócios desta quarta-feira em queda, refletindo a visão de que o BC terá de fazer um ciclo mais forte de alta de juros e com sinais amenos do ambiente político doméstico.

Pouco antes de 10h20, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia de 6,69% para 6,74%; a do DI para janeiro de 2023 avançava de 8,42% para 8,535%; a do contrato para janeiro de 2025 variava de 9,59% para 9,61%; e a do DI para janeiro de 2027 tinha alta de 10,00% para 10%.

De acordo com a divulgação do IBGE, o IPCA-15 avançou para 0,89% em agosto, depois de elevação de 0,72% em julho, sob impacto da alta do preço da energia elétrica. O indicador subiu acima da mediana das estimativas de 0,83% em agosto, captada pelo Valor Data. A composição do dado também se mostrou como negativa, uma vez que o núcleo da inflação de serviços veio acima do esperado (0,46% ante expectativa de 0,32%), enquanto a média dos núcleos também superou as expectativas (0,57% contra 0,45%), sinalizando uma tendência de alta de itens inerciais.

A Renascença DTVM nota, inclusive, que a média dos núcleos em 12 meses (de +5,73%) alcançou o maior nível desde janeiro de 2017 (+6,25%). “A possível maior pressão dos preços de serviços, diante de muitas atividades do setor sendo beneficiadas pelo avanço da vacinação, segue como um dos pontos de preocupação para o Copom [Comitê de Política Monetária do BC]”, escreve Cesar Garritano, economista da instituição, em relatório.

“Tal cenário ganha contornos mais desafiadores quando levamos em conta os níveis elevados da inflação cheia, os riscos climáticos e hidrológicos observados no Brasil, e as novas disrupções nas cadeias produtivas ao redor do globo diante do espalhamento da variante delta do coronavírus”, aponta.

O qualitativo favorece por ora a leitura de que o BC terá de realizar um ciclo de alta da taxa Selic mais forte, puxando para cima os juros futuros de curto prazo do mercado neste momento. Ao mesmo tempo, investidores também ficam atentos ao noticiário sobre o reajuste da bandeira tarifária vermelha 2, com a possibilidade de que a taxa extra cobrada sobre a conta de luz possa ser dobrada.

O dólar comercial, por sua vez, recuava 0,54% no horário acima, saindo a R$ 5,2334 no mercado de câmbio à vista, após mínima a R$ 5,2269. Agentes financeiros reagiam a perspectivas de que o BC tenha de continuar a atuar agressivamente na alta de juros para conter a escalada da inflação e também avaliavam os sinais mais amenos provenientes do cenário político doméstico.

Após uma sequência de pregões tensos nos mercados locais, que reagiam à deterioração do noticiário fiscal, o temor entre os agentes financeiros arrefeceu com sinais vindos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de compromisso com a responsabilidade fiscal, ontem.

Além disso, investidores ponderam uma cena política relativamente mais calma, após relatos de que o presidente Jair Bolsonaro teria desistido de pedir ao Senado Federal o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, reduzindo, assim, o temor do mercado associado à crise institucional entre Executivo e Judiciário.

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