A ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, afirmou nesta terça-feira que não há uma crise entre Poderes instalada no Brasil, nem sequer uma crise entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não existe crise entre Executivo e Supremo. Talvez [haja] um ponto divergente que deu uma tensionada um pouco maior. Isso não é uma crise entre Poderes”, afirmou Flávia ao participar de painel do evento on-line Expert XP.
A ministra disse que não espera “sintonia” entre os Poderes, mas sim que cada um seja independente e que haja um “diálogo fluído” entre seus representantes sobre os temas que “precisam ser enfrentados” no país.
Ela deu como exemplo a votação pelo Senado da indicação de André Mendonça para a vaga no STF. A indicação, feita por Bolsonaro, está parada no Senado desde que o presidente recrudesceu as críticas ao Legislativo e ao Judiciário.
“Entre os temas que precisam ser enfrentados estaria a necessidade de também pautar a sabatina do ministro do STF”, disse. “O Senado diz que em algum momento será [pautada], mas a gente faz aqui uma ponderação para dizer que é fundamental que isso seja pautado.”
Flávia Arruda defendeu que não se dê importância às informações sobre crise entre Poderes. “O foco tem de ser união e pacificação, para levar às pessoas a distribuição de renda e o emprego.”
A ministra ainda afirmou que o pessimismo do mercado financeiro em relação aos rumos do Brasil é “uma reação exagerada”.
Questionada sobre a dificuldade de o governo de fazer avançar pautas do interesse da equipe econômica no Senado, ela contemporizou. Disse que a velocidade de tramitação não é a mesma da Câmara dos Deputados por causa dos esforços empenhados na CPI da Covid e porque os senadores não se organizam em blocos, como fazem os deputados.
“Arthur Lira [presidente da Câmara] tem sido enérgico e feito um diálogo permanente, assim como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco”, afirmou. “A diferença é que cada um tem suas particularidades.”
Segundo Flávia, cada um dos 81 senadores representa “uma independência”, “cada um com suas pautas e maneiras de pensar separado”. Ainda assim, ponderou a ministra, “Pacheco tem sido articulador de pautas fundamentais para o país”.
Ela relatou que Pacheco se comprometeu com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), a colocar em tramitação a privatização dos Correios. “Os Correios estão na pauta do Senado, como um dos próximos temas que virão.”