O open insurance, ou seja, o ambiente de compartilhamento de dados e transações no mercado de seguros, pode aumentar de maneira exponencial a portabilidade no segmento de previdência privada, afirmou o diretor de produtos de previdência na Icatu, Henrique Diniz. O executivo participou de um painel da Expert XP sobre o sistema, que começa a ser implementado pela indústria de coberturas no fim do ano, de acordo com determinação da Susep, regulador do setor.
Segundo o diretor de vida e previdência da SulAmérica, Victor Bernardes, que também participou do painel, "o mercado de previdência privada aberta tem mais de R$ 1 trilhão de reservas acumuladas, mas o volume de portabilidade ao ano não passa de 3% [do estoque], ou seja, tem 97% que anda não experimentou ou não testou". Na visão do executivo, a portabilidade é uma das maiores conquistas para o consumidor, porque permite ajustar as condições dos planos sem nenhum custo ao momento financeiro e às necessidades do cliente, que mudam ao longo do tempo.
Para outro debatedor, o diretor de investimentos da XP Seguros, Amâncio Paladino, a portabilidade ainda tem uma taxa baixa por conta das dificuldades que existem no sistema atual. "A cultura da portabilidade já existe [na previdência], mas ainda é bem complexo obter as informações que precisam para fazer a migração. Com o open insurance isso muda completamente."
Paladino ressaltou que o open insurance, capitaneado pela Susep com cooperação com o mercado, vai se juntar ao open banking, que já se aproxima da fase final, e a um futuro sistema de compartilhamento de informações sobre investimentos para o surgimento de um open finance. "O open insurance, ou seja, o mercado aberto de seguros, é um projeto criado num contexto muito maior de um open finance", apontou. "Na prática, vai significar ter uma oferta melhor, com maior comparabilidade, entre os produtos financeiros", acrescentou.
Os executivos foram unânimes em reconhecer que, com o open insurance, haverá mais competição, inovação em termos de produtos e novos entrantes. "Esse contexto de open finance é o de uma cidadania financeira", afirma o diretor da XP.
Para Diniz, da Icatu, "o cliente passa a ser o dono dos próprios dados e, com isso, passa a ter autoridade sobre o que e com quem quer compartilhar as informações". Conforme Bernardes, da SulAmérica, "há uma transferência de poder, ou seja, sai das mãos da instituição e volta ao cliente".
O diretor da SulAmérica lembra ainda que "trata-se do primeiro reflexo de competitividade, porque reflete em preço menor e na importância do relacionamento entre cliente e instituição". O executivo considera ainda que "as seguradoras vão ter a necessidade de se adaptar ao cliente e não mais ter apenas produtos commodities, de prateleira".