O empresário Emanuel Catori, sócio da Belcher Medicamentos, disse nesta terça-feira à CPI da Covid que participou de uma iniciativa para viabilizar a doação de 9 milhões de doses da Coronavac ao governo. Segundo ele, estavam juntos na empreitada os empresários bolsonaristas Luciano Hang e Carlos Wizard.
Durante dois meses, a Belcher Medicamentos foi a representante local da farmacêutica chinesa Cansino, que é a responsável pela Convidecia, vacina de dose única contra a covid-19. Nesse período, a Belcher chegou a assinar um protocolo de intenções com o Ministério da Saúde para a oferta de 60 milhões de doses do imunizante.
A empresa entrou com pedido de uso emergencial da vacina na Agência Nacional de Vigilância (Anvisa), mas o pleito não seguiu adiante porque os chineses decidiram romper o contrato com a empresa brasileira, alegando questões de compliance.
Com sede em Maringá, a empresa tem ligações com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que é natural da cidade, no interior do Paraná. Apesar da relação, Catori negou que o líder do governo tenha participado de qualquer negociação para venda de vacinas ao Ministério da Saúde.
Durante seu depoimento, Catori disse à CPI que a Belcher doou mais de 1 milhão de máscaras para o Brasil e também vendeu esse tipo de item para órgãos públicos e privados, entre eles, o governo federal. Ele reforçou, contudo, que a Belcher não fechou nenhum contrato com o Ministério da Saúde sobre vacinas.
Em dado momento, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), se exaltou com o que considerou interferência constante dos advogados de Catori em suas respostas. “Os senhores estão atrapalhando o trabalho da CPI. Emanuel, você não consegue responder o que pensa, porque os dois [advogados] estão respondendo por você. É a última vez que vou chamar a atenção. Da próxima, eu os afasto do depoente.”
O problema ocorreu após Catori titubear sobre se conhecia e qual sua relação com Luciano Hang - apoiador do presidente Jair Bolsonaro -, a quem afirmou admirar, mas conhecer superficialmente.