O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), escreveu um artigo para a edição desta terça-feira no jornal "O Globo" em que se queixa do ambiente das redes sociais, "onde os ataques acontecem por vezes sem rosto", "automatizados e em massa, dando ao emissor a covarde vantagem de uma ação apócrifa ou mesmo de ganhar coragem diante de um alvo que está distante na vida real".
"As cordas foram esticadas nessa realidade paralela, de faz de conta, de demasiada retórica e virulência", afirmou.
Segundo ele, "o embate das redes e das trocas de notas oficiais com afirmações e desmentidos não ajuda a encher barriga, não apoia ou acolhe quem precisa, não gera postos de trabalho, não baixa o preço do gás de cozinha ou gasolina, muito menos acelera os números de brasileiros vacinados."
"Não podemos deixar que essa movimentação de vídeos, gifs, memes e posts substitua a altivez e a nobreza da boa política que constrói e promove avanços".
Lira, hoje o principal aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, escreveu um texto cheio de recados, mas não deixou claro a quem se referia. Os ataques massivos nas redes sociais, contudo, costumam ser atribuídos a práticas do bolsonarismo, e o artigo foi publicado dias após ele próprio virar alvo de apoiadores do presidente nas redes sociais, que o acusaram de fraudar a votação da PEC do Voto Impresso.
As mensagens foram divulgadas junto com a convocação de manifestações a favor do governo em 7 de setembro.
No artigo, Lira também afirma que os "problemas legítimos só são enfrentados com diálogo e articulação" e que, "movido pela vontade de resolvê-los ou mitigá-los", refuta "qualquer possibilidade de aventura contra a democracia, destacando que a liberdade de expressão deve estar a favor de uma reconstrução nacional, e não de ataques vis."