O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que os senadores resistem ao "terrivelmente evangélico" André Mendonça porque também querem indicar ministros ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou, no entanto, que não abre mão da prerrogativa de apontar quem será o substituto de Marco Aurélio Mello, que se aposentou em julho, na mais alta corte do país.
Mendonça, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública e advogado-geral da União no governo Bolsonaro, é pastor presbiteriano. Ele foi indicado por Bolsonaro, cumprindo a promessa de campanha de indicar um evangélico ao STF.
O indicado, no entanto, enfrenta resistências no Senado, que por lei deve sabatinar e deliberar sobre as indicações de ministros do Supremo. Essa rejeição a Mendonça foi agravada na semana passada com o pedido de impeachment apresentado por Bolsonaro contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
"Independente de ele ser evangélico, ele tem uma bagagem cultural enorme no tocante às questões jurídicas", disse Bolsonaro. "Agora, é natural as pressões, porque os senadores querem indicar nomes também. Só que dessa prerrogativa eu não abro mão."
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, órgão responsável pela sabatina de ministros do STF, Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse a interlocutores na última sexta-feira que não havia mais clima para analisar a indicação de Mendonça. A notícia começou a se espalhar minutos depois de um emissário do Palácio do Planalto protocolar o pedido de impeachment de Moraes no Senado.
Segundo relatos, Alcolumbre e boa parte dos senadores têm preferência por nomes como o de Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e o do procurador-geral da República, Augusto Aras, para a vaga no STF. Aras está sendo sabatinado nesta terça-feira pelos senadores para ser reconduzido ao posto, também por indicação de Bolsonaro.
O presidente, no entanto, disse acreditar que Mendonça será aprovado pelos parlamentares.
"Acredito que a maioria dos senadores brevemente venha a apoiar o nome do André Mendonça lá no Senado e ele possa, então, ocupar uma cadeira que está vaga no momento lá no Supremo Tribunal Federal, para o bem de todo o Brasil", afirmou.