A escolha do presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), como ministro-chefe da Casa Civil pode melhorar as relações do governo com o Senado, onde o presidente Jair Bolsonaro tem encontrado dificuldades de articulação política. Mas, na avaliação de deputados, deve esvaziar ainda mais as atribuições da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL-DF).
Flávia já tinha sua pasta esvaziada antes de tomar posse porque Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Casa Civil, concentrava as nomeações de indicados políticos dos parlamentares. O controle da liberação de recursos das emendas de relator ao Orçamento, que formaram a base do governo, está nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Agora, com a opção por Ciro Nogueira, a Casa Civil também deve ter mais peso que a Secretaria de Governo nas negociações políticas dos projetos em tramitação no Congresso, avaliam deputados, inclusive os que são próximos da ministra.
“Quem atravessa a rua [entre o Congresso e o Palácio do Planalto] vai atrás de dinheiro e cargos. O dinheiro está nas mãos do Arthur Lira e os cargos, do Ramos. Com essa nova troca, a articulação política ficará com o Ciro e não com a Flávia”, opina um parlamentar influente.
Há dúvidas, entre os deputados do PL, se o esvaziamento levará a mais insatisfações dentro do partido. Flávia é deputada federal licenciada pela sigla, mas sua indicação passou mais por Lira do que pela legenda. Além disso, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, tem boas relações com Ciro Nogueira.
Já interlocutores da ministra dizem que a dança das cadeiras será positiva e desafogará a Secretaria de Governo. Na avaliação deles, a secretaria ficará menos sobrecarregada nas negociações com parlamentares – segundo cálculos internos, Flávia fez mais de 700 audiências com parlamentares em menos de dois meses.