24/07/2024 às 09h19min - Atualizada em 24/07/2024 às 09h19min

Novo protocolo da Embrapa pode transformar pastagens na pecuária de corte

Método identifica lacunas na capacidade de suporte do pasto

- Da Redação, com Canal Rural
Foto: Reprodução
A Embrapa desenvolveu um protocolo que visa avaliar as oportunidades de intensificação dos sistemas de pecuária de corte a pasto, um dos principais desafios do setor para reduzir os impactos ambientais. A análise de "yield gap" (lacuna de produtividade) permite estimar a diferença entre a produtividade atual e a potencial das pastagens, identificando oportunidades para atender ao aumento projetado na demanda por produtos agrícolas.

O protocolo foi aplicado para estimar o aumento de produtividade de sistemas de produção de bovinos de corte em diferentes cenários de manejo no Brasil Central. Apresentado na revista internacional Field Crops Research, o método determina as diferenças de produtividade e capacidade de suporte das pastagens.

“O protocolo permite avaliar a capacidade de suporte das pastagens por meio de dois indicadores: a taxa de lotação máxima e a taxa de lotação crítica,” afirma Patrícia Menezes Santos, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e coordenadora do trabalho. A taxa de lotação máxima é alcançada quando toda a forragem produzida é colhida com máxima eficiência, enquanto a taxa de lotação crítica representa a maior taxa de lotação constante que não implica falta de alimentos em algum período do ano.

O protocolo foi aplicado nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, abrangendo partes dos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Ele combina métodos para definição de zonas climáticas homogêneas, sistematização de dados primários de clima e solo, definição de cenários de produção, simulação de crescimento de plantas forrageiras a longo prazo, estimativa de capacidade de suporte das pastagens e cálculo da produtividade atual a partir de dados censitários.

Segundo os resultados, o potencial de intensificação das pastagens no Brasil Central foi estimado com base nos indicadores de taxa de lotação máxima e taxa de lotação crítica. O gap médio na taxa de lotação máxima variou de 5,81 a 5,12 unidade-animal por hectare (UA/ha) no cenário potencial, de 4,18 a 2,9 UA/ha no cenário irrigado e sem restrição de nitrogênio, e de 2,73 a 1,43 UA/ha no cenário de sequeiro e apenas com adubação nitrogenada de manutenção.

O protocolo também pode orientar o seguro rural associado à produção pecuária em pastagens. O déficit acumulado de forragem foi aplicado, por exemplo, no estudo do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a pecuária de corte aprovado pelo Ministério da Agricultura (Mapa).

O Zarc Pecuária visa identificar áreas de menor risco climático e definir as melhores regiões para produção de bovinos em pasto de capim-marandu, no Distrito Federal e em 17 estados. Com isso, é possível verificar a taxa de lotação crítica das pastagens em cada município e os meses com maior risco de falta de alimentos, embasando a oferta de crédito e seguro rural no país.

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