Economistas do Bank of America alertam que vários indicadores apontam para o risco de uma “súbita recessão” no fim do ano nos Estados Unidos, citando o impacto da variante delta nas cadeias globais de suprimentos e na demanda.
Mas essa “recessão súbita”, se ocorrer, será breve e repentina, segundo relatório de análise para clientes do BofA, enquanto que uma recessão padrão ocorre quando a atividade econômica cai por dois trimestres consecutivos.
Para a equipe de estrategistas do BofA, o futuro próximo é sombrio para a economia americana e global. Entre os sinais preocupantes destacados por eles estão: recentes indicadores econômicos mais fracos que o esperado; precificação de expectativas de alta da inflação no mercado de bônus do Tesouro americano; recente queda dos preços das commodities, como cobre e petróleo, em resposta à perspectiva de menor demanda; e queda das ações de empresas do setor de consumo.
Se houver um enfraquecimento adicional na demanda econômica, afirmam, isso poderá afetar o setor industrial — que tem sido o motor da recuperação pós-covid. A atividade industrial nos EUA, segundo o Instituto de Gestão de Oferta (ISM), cresceu quase 50% em termos anuais no início deste ano, maior taxa de crescimento desde antes de 2011. Desde então, essa taxa de crescimento desacelerou para cerca de 10% e é provável que se torne negativo em outubro, escreveu Michael Hartnett, estrategista-chefe de investimentos do Bank of America. Tal declínio provavelmente seria consistente com um declínio na produção econômica geral ou crescimento negativo.
Hartnett também chama a atenção para a crescente preocupação com o risco de uma estagflação, ou crescimento econômico fraco com inflação alta. A equipe do BofA observa que a inflação disparou neste ano, impulsionada pelos trilhões de dólares de estímulo fiscal e a reabertura nos Estados Unidos e na Europa.
Restrições na oferta, por causa da ruptura nas cadeias de suprimentos globais provocada pela pandemia, também pressionam os preços de inúmeras mercadorias. Esse cenário é agravado pelo recente fechamento de portos e fábricas na Ásia em virtude da propagação da variante delta, mais infecciosa.
“A inflação [está] agora induzindo a estagflação", observou Hartnett.