A bolsa brasileira alterou altas e baixas até o início da tarde, sem forças para firmar uma direção para o dia, ficando mais volátil após interromper um dia antes a sequência de três quedas seguidas. O vencimento de opções sobre ações contribui para o comportamento errático do Ibovespa, influenciando os papéis de maior peso no índice, ao passo que Sabesp dispara com novas declarações sobre privatização. Como pano de fundo, prevalece a cautela com as incertezas locais, em meio ao cenário externo mais desafiador.
Às 13h23, o Ibovespa oscilava em alta de 0,42%, aos 117.681 pontos, na máxima, depois de ter defendido a pontuação dos 116 mil pontos, na mínima do dia (116.040 pontos). O volume financeiro somava R$ 10,6 bilhões, projetando R$ 25 bilhões, sendo que o exercício automático sobre as ações ainda deve inflar o giro até o fim do pregão.
“A bolsa ainda está volátil, com o cenário mundial e local ainda negativo, mas o mercado está mais calmo hoje, após as quedas mais fortes nos últimos dias”, resume o especialista em ações da Valor Investimentos, Davi Lelis. Para ele, as principais incertezas internas envolvem o cenário político em Brasília, enquanto no exterior a dúvida é em relação à mudança na política de estímulos por parte do Federal Reserve.
No horário acima, em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 ganhavam 0,68% e 0,65%, na ordem. Entre as ações brasileiras, destaque para as ações de maior peso na composição do Ibovespa, que também ficam reféns da “briga” entre comprados e vendidos à luz do vencimento de opções. Petrobras tinha quedas de 0,55% e de 0,63% nas ON e PN, Itaú Unibanco PN recuava 0,64%, enquanto Vale ON subia 0,71%.
Nos destaques, chama a atenção o salto de 10% de Sabesp ON, terceiro papel mais negociado do Ibovespa, em reação à declaração de Rodrigo Maia sobre privatização da companhia, durante evento de sua posse como secretária do governo de São Paulo. Segundo o deputado, a venda da companhia para o setor privado “será uma marca importante” na gestão dele. Na outra ponta, Lojas Americanas PN liderava as quedas, com baixa de 2,50%.
Apesar da falta de direção definida da bolsa brasileira hoje, o diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, destaca que ao menos a sequência de queda foi interrompida. Para ele, merece mais atenção o comportamento da curva a termo de juros futuros, que também pausou o movimento de colocação de prêmios na ponta longa. “Isso interrompe o contágio aos outros mercados domésticos”, ressalta Natali.
Para Lelis, da Valor, o comportamento da taxa básica de juros segue como balizador para os ativos locais. “Semana que vem tem o IPCA-15 [prévia da inflação oficial ao consumidor], que dá um bom direcionamento de como vai andar a Selic”, lembra. “Se continuar acima sem dar sinais de arrefecimento, é provável de que o Banco Central tenha de ser mais agressivo”, diz, referindo-se ao ritmo de aperto monetário.
Além disso, o noticiário sobre a pandemia deve continuar no radar. “Até que ponto a vacinação vai conseguir segurar as variantes do coronavírus?”, indaga o especialista citado acima. Diante disso, o Ibovespa dificilmente conseguirá encerrar a semana no azul, acumulando perdas de mais de 3% desde a última sexta-feira até ontem. “Mas o dia é de pregão mais tranquilo, depois de uma semana bem agitada”, completa o diretor da Inversa.
