O produtor de café vive um clima de insegurança em relação à safra brasileira deste ano. A variação climática é um dos causadores da volatilidade. As regiões produtoras sofreram com estiagem, veranico e temperaturas médias e elevadas. Tudo isso associado a uma massa polar que já rondou e fez estragos duas vezes este ano no cinturão produtor.
Além das questões climáticas, temos movimentos especulativos no mercado de câmbio. O dólar, a moeda base das negociações internacionais, se deprecia em muitos mercados. O Fed (banco Central Norte-Americano) informa que pode aumentar as taxas de juros naquele país. Está é a única boa informação. Com juros altos, os investidores estão buscando as commodities. Entre elas, as alimentícias.
O café Arábica passou por situações de sobe e desce agosto, com incertezas. Começou o mês em queda e começa a melhorar no final dele. Na primeira quinzena os preços estavam em baixa e começaram a subir na última semana. Nesse caso, o aumento coincide com a desvalorização do dólar no mercado internacional. Esse movimento no mercado acontece ao mesmo tempo em que a geada quebra a safra brasileira. Com isso, aumentou as buscas por contratos, elevando os preços nessa segunda metade do mês.
O Instituto de Economia Agrícola da Secretaria Estadual da Agricultura paulista indica que os cafeicultores do cinturão “francano” não foram beneficiados com as variações dos preços da saca do café no mercado internacional. Mesmo se protegendo, contratando hedge (para garantir a conversão do dólar pelo preço da data da venda do café, na hora de receber, para não perder com a variação) a variação não proporcionou grande vantagem.
Esse movimento é uniforme em relação ao café Arábica. Ele foi registrado em Nova York e na Bolsa de Londres. Perdas nas duas primeiras semanas do mês e recuperação no final. Segundo os analistas do IEA, “essa arrancada mais forte do robusta decorre das dificuldades encontradas pelo Vietnã em proceder com seus embarques devido ao custo apresentado pelos armadores, associado à escassez de contêineres. Tal situação também afeta o andamento das vendas externas brasileiras, mas, aparentemente, de menor intensidade que a vivenciada pelo concorrente asiático”, informa texto do site.
O pequeno estoque Norte-Americano é o que anima os produtores. Mexe com as posições futuras do mercado e atende a um fluxo de abastecimento mais intenso com a entrada do inverno no Hemisfério Norte.
Segundo o IEA, “as exportações brasileiras no primeiro semestre de 2021 alcançaram 20,87 milhões de sacas, quantidade 4,5% superior ao registrado em igual período do ano anterior. Esse excelente desempenho dos embarques brasileiros contribui, em parte, para que as cotações se mantivessem mais comportadas. A sinalização de que haverá problemas com a produção da próxima safra (geada afetando gemas florais que formaram a próxima safra) poderá intensificar processos especulativos já em andamento por parte dos investidores do mercado futuro”.
(Da Redação, com informações do IEA)