Apesar das pressões que fazem a aversão ao risco imperar tanto em âmbito local quanto no exterior, o dólar comercial ensaia uma moderação da alta vista logo no início do dia, quando chegou a ser negociado acima dos R$ 5,45 pela primeira vez desde 4 de maio. Por volta das 12h20, a moeda americana subia 0,71%, a R$ 5,4144.
O alívio relativo no câmbio acompanhou certa melhora nas bolsas americanas, que também se refletiu na bolsa brasileira e na curva de juros. Ainda assim, a cautela impera, com as commodities perdendo em bloco - os contratos futuros de petróleo ainda sendo negociados com queda superior a 3% - e o rendimento da T-note de 10 anos cedendo a 1,242%.
No Brasil, a combinação de dificuldade do governo em passar matérias de interesse no Congresso, pressões sobre a geração de energia elétrica e receio de que a discussão sobre o bolsa família turbinado possa levar a uma deterioração adicional da perspectiva fiscal tem imposto aos ativos domésticos, nota o Citi.
“O movimento de ontem parece ter sido motivado por ordens de stop loss tanto na curva de juros quanto no câmbio, após este ter rompido a resistência de R$ 5,30 e R$ 5,33”, dizem os estrategistas do banco americano. “Acreditamos que, caso outras sessões sigam na mesma toada, o Banco Central poderá voltar a intervir para evitar que o pânico se instale.”
Nos juros futuros, depois de avanços mais firmes, as taxas registravam suavização.
O juro do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 ia de 6,72% no ajuste anterior para 6,710%, e o do DI para janeiro de 2023 passava de 8,49% para 8,445%. Além disso, o do contrato para janeiro de 2025 recuava 9,87% para 9,75% e o do DI para janeiro de 2027 ia de 10,32% para 10,24%.
A Renascença aponta que a elevada cautela dos investidores , devida ao acúmulo de fatores desconfortáveis mais recentemente, tem a ver principalmente com a ata do Fed. O documento mostrou que muitos dirigentes do banco central dos Estados Unidos, ao fim de julho, já discutiam a hipótese de começo da redução do programa de compras de ativos ainda neste ano.
“Desse modo, a interpretação que os investidores realizam, neste momento, é a de que a ata do banco central norte-americano foi mais ‘hawkish’ [inclinada à retirada de estímulos monetários]”, avalia a instituição. Internamente, aponta a Renascença, não há novas notícias para os mercados, mas a dinâmica dos mercados e a percepção dos investidores quanto à conjuntura doméstica deverão continuar em deterioração, dados os presentes riscos fiscais e políticos.