As bolsas de Nova York fecharam em forte queda nesta quarta-feira (18). Embora os investidores tenham demorado para reagir mais contundentemente depois da divulgação da ata da reunião de julho do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), as vendas se intensificaram na última hora da sessão diante da confirmação de que o comitê de política monetária do BC americano, o FOMC (na sigla) em inglês, caminha para iniciar o processo de redução dos estímulos monetários no fim deste ano.
O índice Dow Jones fechou em queda de 1,08%, a 34.960,69 pontos, e o S&P 500 recuou 1,07%, a 4.400,27 pontos, enquanto o Nasdaq caiu 0,89%, a 14.525,91 pontos.
“As ações não souberam como reagir à ata do Fed”, comentou o analista da Oanda em Nova York, Edward Moya, ressaltando que os investidores primeiro identificaram sinais claros de que o “tapering”, processo de redução dos estímulos, começará ainda esse ano. Depois, houve um momento de calma, já que a ata também alertou para um cenário ainda incerto diante de riscos causados pela variante delta da covid-19. Mas, no fim, prevaleceu o sentimento inicial e as bolsas caíram perto de 1%.
Para o economista da Rio Bravo Investimentos, João Leal, a ata sinaliza que começa a haver um consenso mais forte dentro do FOMC para que a data do “tapering” seja anunciada na reunião de política monetária de setembro e que a redução do programa de compras ativos, de US$ 120 bilhões por mês, comece a ser reduzido em dezembro.
“Parece que já há algum consenso e essa percepção é reforçada por causa das falas mais recentes dos diretores do Fed. Tanto os ‘hawks’ [favoráveis à retirada dos estímulos] quantos os ‘doves’ [favoráveis ao afrouxamento monetário] apontam para uma sinalização em setembro para a redução em dezembro. Uma confirmação sobre isso ou um sinal mais claro deve vir em Jackson Hole”, disse Leal, em entrevista ao Valor, referindo-se ao simpósio organizado pelo Fed com os principais banqueiros centrais do mundo e que acontecerá entre os dias 26 e 28 de agosto.