17/08/2021 às 17h00min - Atualizada em 17/08/2021 às 17h00min

Após ceder mais de 2%, Ibovespa reduz queda; riscos domésticos seguem no radar

O Ibovespa reduziu parte da queda, faltando cerca de uma hora para o fim do pregão, tentando se firmar acima da faixa dos 117 mil pontos, região por onde passa a média móvel de 200 dias (MM200), que sustenta a tendência de alta de longo prazo da bolsa. Porém, a renda variável é pressionada pelas incertezas políticas locais, que afastam o investidor do risco em ações, sendo que a queda das bolsas em Nova York também pesa.

Às 16h07, o Ibovespa caía 1,63%, aos 117.232 pontos, depois de recuar até os 116.248 pontos na pontuação mínima do dia. O índice à vista ainda não foi negociado em alta hoje.

“No momento, o chão é o limite”, comenta um operador sênior de renda variável de uma corretora nacional. Segundo ele, o movimento de queda da bolsa ganhou força depois de perder a faixa dos 117 mil pontos, o que acionou ordens de “stop loss” (perda máxima aceitável) por parte dos investidores. Conforme análise gráfica, a região é por onde passa a média móvel de 200 dias (MM200).

“Uma estratégia comum entre os investidores consiste em operar no rompimento desta média móvel, comprando quando o preço da ação cruza a média de baixo para cima ou, como é o caso agora, vendendo quando o preço da ação cruza a linha de cima para baixo”, explica o profissional, que preferiu não ser identificado. Conforme análise técnica do Itaú BBA, a faixa dos 117 mil pontos era o último suporte mais importante, consolidando a tendência de baixa da bolsa não apenas no curto prazo.

Profissionais das mesas de renda variável chamam a atenção para o fato de a tendência de queda da bolsa brasileira ser acompanhada de volumes crescentes de vendas, o que fortalece o movimento negativo. “Muitos [fundos] multimercados por causa do risco tiveram de diminuir posição, o que prejudicou a bolsa, enquanto para o investidor pessoa física é um momento de cautela”, explica a operadora da B.Side Investimentos Viviane Vieira.

Esse movimento de saída do risco da renda variável é conduzido pelas ações de maior peso no Ibovespa, o que acaba pesando no desempenho da bolsa.

Os ganhos eram liderados por Yduqs ON (+5,60%), reagindo ao balanço do segundo trimestre deste ano. Na outra ponta, Banco Inter Units liderava as perdas, com 5,53% de baixa, mas ainda acumulando valorização da ordem de 80% desde o início do ano.

Levantamento feito pelo Bank of America (BofA) aponta que a disposição dos gestores em direção às ações brasileiras versus outras classes de ativos é a mais baixa desde o início da pesquisa, em março de 2018. Em contrapartida, o banco mostra que a parcela dos gestores que esperam que os títulos apresentem desempenho superior cresceu.

Além disso, 49% dos gestores veem o Ibovespa aos 130 mil pontos ao fim deste ano, contra 78% no em julho. O Latam Fund Manager Survey, divulgado pelo BofA, ouviu um total de 31 profissionais de alocação de recursos, com aproximadamente US$ 90 bilhões em ativos sob gestão.

Para o operador de renda variável da Braúna Investimentos David Har-Zahav a piora do sentimento do investidor em relação ao Ibovespa ocorre em meio aos riscos fiscal e inflacionário no Brasil combinados com ambiente internacional mais desafiador. “É a soma do cenário interno ruim com o exterior aumentando a percepção de risco global”, diz.

Segundo ele, a principal preocupação local vem do cenário político.

“Brasília trouxe muitas novidades nas últimas semanas e não há previsão sobre quando essas incertezas serão resolvidas”, afirma o operador da Braúna, citando a PEC dos Precatórios, o novo Bolsa Família e a reforma tributária. “Isso gera um estresse muito grande”, emenda Har-Zahav.

No mesmo horário, em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 recuavam menos de 1%, digerindo os dados sobre a indústria e o varejo nos Estados Unidos em julho, que vieram acima e abaixo do esperado, respectivamente. Os investidores receberam ainda discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, que não falou sobre perspectivas para a economia dos EUA ou sobre política monetária.

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