17/08/2021 às 17h00min - Atualizada em 17/08/2021 às 17h00min

Juros médios e longos recuam em leve correção, enquanto taxas curtas avançam

Em um movimento de devolução parcial e limitada da recente alta motivada pelo aumento do risco fiscal, os juros futuros das porções intermediária e longa da curva a termo fecharam em baixa nesta terça-feira (17), com os agentes de mercado ainda atentos às discussões sobre o novo Bolsa Família e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, cuja aprovação permite o financiamento do programa social e o cumprimento do teto de gastos em 2022.

Já as taxas de curto prazo, por seu turno, encerraram o dia registrando viés de alta, em meio à perspectiva de maiores pressões inflacionárias à frente.

Finalizado o pregão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de 6,63% no ajuste anterior para 6,66% e a do DI para janeiro de 2023 avançou de 8,36% para 8,37%. A do contrato para janeiro de 2025 recuou de 9,58% para 9,52% e a do DI para janeiro de 2027 anotou baixa de 10,02% para 9,96%.

Embora os juros de longo prazo tenham exibido queda em relação aos ajustes, se mantiveram em alta na comparação com o fechamento da sessão estendida de ontem. Além disso, as taxas de mais longo prazo, como os DIs com vencimento em janeiro de 2029 e janeiro de 2031, se mantêm em dois dígitos. Cabe destacar que, além do cenário externo avesso a risco, os agentes acompanharam as negociações em torno da reforma do Imposto de Renda, que ajudou a deixar o ambiente ainda mais negativo para o mercado nos últimos dias com a percepção de piora fiscal.

Como a curva tem se mantido sob intenso estresse nos últimos dias, alguns profissionais apontam que foi aberta oportunidade para uma correção na ponta longa, embora bastante leve diante da forte alta das taxas nos últimos dias. Já os juros de prazo mais curto viram alguma pressão altista nesta terça-feira. A curva de juros precifica uma Selic em torno de 8,25% no fim deste ano e entre 9,75% e 10% no fim de 2022. Para a próxima reunião do Copom, o mercado de opções digitais continua a apontar chance majoritária de uma elevação de 1 ponto percentual (63%), mas a possibilidade de aceleração para 1,25 ponto se mostra mais forte (25%).

Diante desse ambiente mais caótico, o gestor de renda fixa da Gauss Capital, Carlos Menezes, revela que a gestora saiu de suas posições aplicadas na parte longa da curva de juros ao longo do mês de julho e diante dos maiores ruídos políticos e fiscais. A gestora, porém, começou a aumentar posições recebidas [aposta na queda das taxas] na parte curta da curva, ao apostar que o BC não deve entregar toda a alta da Selic precificada pelo mercado.

“Nas duas últimas semanas voltamos a olhar essa precificação de curto prazo da Selic que hoje está na curva e consideramos exagerada. Voltamos a receber nesse prêmio de curto prazo, apostando que o BC não vai entregar o que está na curva. Temos aumentado de forma bastante gradual essas posições, ao mesmo tempo em que saímos de todo o nosso risco de longo prazo, que apostava no fechamento das taxas mais longas, por causa do aumento dos ruídos políticos e das discussões fiscais envolvendo o tamanho do Bolsa Família e os precatórios”, diz Menezes.

Para o responsável pela mesa de renda fixa de uma corretora, os DIs devem permanecer em níveis elevados até a resolução da situação fiscal e política. “O choque foi no juro real, e não na inflação implícita, cuja curva ficou parada. Significa que esse choque tem a ver com investidor querendo prêmio de risco, mas não acreditando que vai bater na inflação de forma significante. Isso, pelo menos, dá um alívio, mostrando que o mercado acredita no Banco Central”, avalia. “O problema, agora, é o precatório e a radicalização da crise institucional.”

Link
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://canalpecuarista.com.br/.