O segundo trimestre foi marcado pela evolução positiva nos indicadores de desempenho em situação financeira das pequenas indústrias, de acordo com levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que avalia que, nos próximos meses, a retomada da economia deve favorecer a consolidação das perspectivas em patamar otimista.
O Índice de Desempenho das Pequenas Indústrias subiu de 0,7 ponto de maio para junho, indo de 47,6 para 48,3 pontos, depois de já ter mostrado aumento de 3,9 pontos de abril para maio, quando passou de 43,7 para 47,6 pontos. Essa melhora do desempenho nos últimos dois meses interrompe a instabilidade apresentada no início do ano: houve queda de 0,6 ponto de janeiro para fevereiro, aumento de 0,3 ponto de fevereiro para março, e queda de 0,2 ponto de março para abril.
Assim, a média do segundo trimestre de 2021 ficou em 46,5 pontos, resultado acima da média do primeiro trimestre quando atingiu 43,9 pontos, e do segundo trimestre de 2020, com 34,1 pontos, influenciado pela pandemia de covid-19.
O Índice de Situação Financeira também apresentou evolução no período, segundo a CNI, com melhora do faturamento e da produção das indústrias de pequeno porte, aliadas às novas medidas que visam facilitar o acesso ao crédito.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) para as pequenas indústrias alcançou 60,9 pontos em julho de 2021, após três aumentos consecutivos do indicador. O Icei para a pequena indústria está bem acima da linha divisória dos 50 pontos que separa a confiança da falta de confiança. Esse indicador também está acima da média histórica de 52,5 pontos.
A confiança dos empresários da pequena indústria diminuiu no primeiro trimestre de 2021, mas reverteu totalmente a queda nos meses seguintes, registrando, em julho, o mesmo valor de dezembro de 2020. O aumento do Icei no período se deve, sobretudo, à percepção dos empresários de melhora nas condições correntes de suas empresas.
A evolução positiva no indicador de confiança para a pequena indústria indica também a expectativa de melhora ao longo dos próximos meses, mantendo o ritmo de recuperação de atividades.
O Índice de Perspectivas da Pequena Indústria teve aumento de 0,5 ponto em julho de 2021, alcançando 52,6 pontos. Os valores referentes ao índice nos meses de abril, maio e junho foram, respectivamente, de 48,3 pontos, de 50,1 pontos e de 52,1 pontos. De acordo com a CNI, esses resultados evidenciam crescente melhora das perspectivas dos empresários da pequena indústria. Isso porque o indicador das perspectivas manteve-se acima da média histórica de 46,1 pontos ao longo de todo o trimestre.
A pesquisa da CNI revelou ainda que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) e o de perspectivas para as pequenas indústrias mostram confiança e otimismo crescentes para os próximos meses, em decorrência do avanço da vacinação no Brasil e também do aumento do volume de produção e da manutenção da criação de empregos no setor industrial.
O Índice de Situação Financeira das Pequenas Indústrias alcançou 42,3 no segundo trimestre, o que representa um aumento de 4,5 pontos em relação ao primeiro trimestre de 2021. Essa alta registrada no segundo trimestre reverte apenas parcialmente a queda do primeiro trimestre de 2021, de 5,3 pontos em relação ao último trimestre de 2020. No entanto, esse índice voltou a se afastar de sua média histórica, que é de 37,5 pontos.
A melhora da situação financeira está relacionada ao aumento nos indicadores de satisfação com o lucro operacional, de satisfação com a situação financeira e de facilidade de acesso ao crédito no período analisado.
A CNI ainda enfatizou que as novas medidas creditícias voltadas às pequenas indústrias, como a renovação e permanência do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Programa de Estímulo ao Crédito (PEC), ampliam a possibilidade de acesso ao crédito pelo segmento e, possivelmente, impactam positivamente a expectativa dos agentes.
A falta ou alto custo de matéria-prima e a elevada carga tributária permanecem nos primeiros lugares do ranking de principais problemas enfrentados pela pequena indústria no segundo trimestre de 2021, o que tem dificultado o aumento dos estoques para o nível desejado.
Essas medidas permaneceram na primeira posição do ranking de principais problemas enfrentados pelas pequenas empresas dos setores de transformação e de construção, com 60,4% e 58,5% de assinalações, respectivamente, ficando em segundo lugar para o setor de extração, com 36,2%.
A elevada carga tributária se manteve na primeira posição do ranking do setor extrativo, com 43,1%, e na segunda para os setores de transformação e de construção, atingindo 37,2% e 32,7%, respectivamente.
A falta ou alto custo de energia ocupou a terceira posição para as indústrias extrativa e de transformação, atingindo 29,3% e 23,3%, respectivamente. A tendência é que, com o aumento nas tarifas do setor elétrico, esse problema permaneça em destaque.
Já a demanda interna insuficiente segue no rol dos principais problemas, ainda como consequência da pandemia de covid-19. Ela ocupa a quarta posição no ranking de preocupação das indústrias e extração e de transformação, com 19% e de 21,1%, respectivamente. Esses resultados apresentam uma redução percentual quando comparados ao trimestre anterior, o que pode indicar um reaquecimento da demanda atual e futura.
A CNI ainda verificou que a burocracia excessiva se destaca como questão relevante para a construção, atingindo a terceira posição, e para o setor extrativo, com o quinto lugar, com 25,1% e 19% de assinalações, respectivamente.
A indústria de construção apontou a falta ou alto custo de trabalhador qualificado na quarta posição, com 19,9% de assinalações, apresentando um aumento de 4,8 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
Em quinto lugar, para a indústria de transformação a CNI informou que aparece em destaque a competição desleal, como informalidade e contrabando, assinalada por 19,9% das pequenas empresas, o que trata de um aumento em relação ao trimestre anterior, quando foi registrado com 14,1%. A inadimplência de clientes ocupou a quinta posição do ranking para a construção civil. Em ambos os problemas, é possível observar reflexos da atual crise econômica, que acarretou o aumento da economia informal e a dificuldade em arcar com as obrigações financeiras.