Os ganhos de sinergias obtidos pela Natura &Co com a incorporação da Avon estão ajudando a companhia a reduzir os impactos inflacionários sobre as margens do grupo, disse o presidente da empresa, Roberto Marques, em teleconferência de resultados do segundo trimestre.
“Se olharmos os valores acumulados, como um grupo, estamos com margem bruta maior. Estamos alavancando nosso volume, mas também as sinergias têm sido muito importantes, nos ajudando a navegar esse cenário de pressão cambial e inflacionária”, afirmou. Na comparação entre os segundos trimestres, a margem bruta do grupo recuou 0,8 ponto percentual, mas avançou 1,2 ponto percentual na comparação entre semestres, terminando em 65%.
No Brasil, um dos locais onde a margem mais têm sido pressionadas e a empresa tem sua maior operação, o presidente da unidade de negócio Natura &Co Latam, João Paulo Ferreira, disse que as pressões de matéria-prima estão presentes e que a empresa tem feito alguns aumentos e programa novos reajustes. “Mas não é a única fonte de valor. Temos melhorado o mix de produtos da Natura da Avon para preservar e até melhorar as margens brutas”, afirma.
Ele observa, também, que os números de produtividade dos representantes de venda ainda estão distorcidos pelo aumento “abrupto”, em suas palavras, observado na força de vendas a partir do terceiro trimestre do ano passado. Como há muitos vendedores novos, a produtividade tende a ser menor. “Números de produtividade de representantes ficarão distorcidos durante um tempo e devem retornar a níveis mais normais provavelmente no fim do ano.”
Ele aponta, porém, que na Avon a operação tem conseguido ganhar maiores níveis de satisfação dos representantes e diz que a empresa acredita em oportunidades de ‘cross selling e up selling’ [vendas cruzadas e de maior valor agregado] entre Avon e Natura.
“Estamos ainda nos primeiros passos de gerenciar oportunidades de ‘cross selling’ no Brasil, mas já começamos com big data, análises de dados, CRM. Ainda não está implementado, mas deve acontecer no fim do ano e mesmo assim já estamos ganhando participação de mercado”, afirmou.
O novo diretor financeiro da Natura &Co, Guilherme Castellan, afirmou na teleconferência de resultados que o perfil da dívida da companhia está melhorando.
“Terminamos o trimestre com posição de liquidez muito robusta e continuamos a desalavancar nosso balanço”, afirmou ele. A empresa terminou o segundo trimestre com R$ 8 bilhões em caixa e índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda, que é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 1,43 vez. Esse índice era de 3,63 vezes um ano antes.
“Estamos muito confortáveis com a estrutura de capital no momento”, afirmou Castellan, citando a emissão de US$ 1 bilhão de títulos da marca Natura atrelados a indicadores de sustentabilidade e que reforçam o caixa. “Temos caixa para vencimentos até 2024.”