O comando da Americanas disse nesta sexta-feira (13), em teleconferência com analistas, que há uma intensa competição entre concorrentes envolvendo certos aspectos, como a taxa de comissão cobrada pelas plataformas nos “marketplaces” (shopping virtual). Mas a empresa entende que, mesmo nesse ambiente, tem conseguido reduzindo “gaps” na taxa de crescimento para os concorrentes.
O comando esteve em teleconferência de resultados do segundo trimestre nesta tarde.
Na avaliação da empresa, alguns fatores acabam pensando mais nas taxas de expansão da companhia, como a desaceleração nas vendas de eletrônicos, em relação a uma base forte de 2020. As vendas totais da plataforma da Americanas cresceu 32,6% de abril a junho sobre 2020, e nas concorrentes (que também vendem eletrônicos), foi um pouco acima — de 60,5% caso de Magazine Luiza, e alta de 51% na Via.
Segundo Miguel Gutierrez, diretor da empresa, há uma maior “agressividade comercial” das empresas do setor, afirmou ele, ao ser perguntado sobre a estratégia de cada companhia na política de cobrança de taxas de comissão. As taxas são cobradas de lojistas que vendem nos sites e aplicativos dos grupos.
“O ‘take rate’ [taxa de comissão] é um dos instrumentos que o mercado vem trabalhando com maior agressividade comercial, como é o parcelamento de compras dado aos clientes, mas nesse caso, a taxa é negociada com o seller. Temos muito a fazer nisso e melhorar toda a cadeia para ter um ‘supply chain’ mais eficiente. Temos investido em sortimento de cauda longa. Agora, esse é um mercado pressionado em ‘take rate’, e na nossa visão de logo prazo, precisa ser operação rentável. O que não elimina que se faça ajustes pontuais nisso buscando estabilidade a médio e longo prazos”, disse ele.
A empresa ainda foi perguntada pelos analistas sobre os planos envolvendo a aquisição da varejista Hortifruti Natural da Terra, mas informou que a questão ainda está sob análise do Cade, órgão antitruste, e não deu maiores detalhes além do já divulgado em notas ao mercado. Segundo a companhia, a espera pela análise do Cade limita planos de integração, mas passada essa fase a ideia é que a integração dos ativos leve de 3 a 6 meses.
Segundo Gutierrez, o apelo de itens frescos, clientes novos e recorrência da Hortifruti atraiu a empresa para a negociação com a varejista, mas o executivo ressaltou que a Americanas não quer ser um “player” nacional de alimentos. A lógica da aquisição não passa por esse objetivo. Ainda afirmou que a empresa encampou o plano de expansão da Hortifruti, apresentado pelos sócios.
A Americanas publicou resultados positivos de abril a junho, favorecidos por valores não recorrentes de quase R$ 310 milhões na última linha de balanço.
O lucro líquido foi de R$ 224 milhões, versus perda de R$ 36 milhões um ano antes, e, ao se descontar esse não recorrente, há prejuízo ajustado de R$ 84,7 milhões.