O diretor presidente da BR Malls, Ruy Kameyama, destacou que o grupo segue atento a oportunidades de fusão e aquisição no mercado, mas defendeu que a pandemia tem dificultado consolidações no segmento.
“M&A faz parte da nossa estratégia. Temos histórico de criar valor através de aquisições. No pré-covid a gente fez aquisições, como participação adicional no Villa Lobos e Shopping Piracicaba. É parte da estratégia crescer inorganicamente”, disse, durante call de resultados para apresentar os números do segundo trimestre nesta sexta-feira (13).
O executivo ponderou que atualmente está difícil precificar os ativos do setor no mercado. “Na medida em que exista uma normalização, a tendência é que tenha mais oportunidade de fusões e aquisição no setor”, disse.
O grupo estaria com balanço forte para quando esse momento chegar. Atualmente, os níveis de alavancagem da empresa estariam desfavoráveis para consolidações diante da queda no Ebitda. “Com o Ebitda voltando isso abre espaço no balanço para a gente olhar”, disse.
O presidente destacou ainda uma perspectiva favorável para o Natal. “Estamos nos preparando para Natal forte. É a expectativa dos varejistas, que estão se preparando em estoque e time”, disse.
O diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, Eduardo Langoni, destacou que a empresa tem em seus planos fazer o pré-pagamento das debêntures perpétuas emitidas durante a pandemia.
“Debênture perpétua foi instrumento importante para a gente no meio da incerteza da covid-19 e reforçamos aposição de liquidez da companhia, mas ela tem custo crescente”, destacou.
Segundo o executivo, a ideia é “em algum momento no futuro ter a flexibilidade para pré-pagar essa dívida”. Ele destacou que a estruturação da dívida traz a possibilidade de fazer o pagamento antecipado sem penalidade.
Passado o pior momento da pandemia, os shoppings da rede BR Malls estão retomando gradativamente o horário de funcionamento. Segundo Langoni, o horário de funcionamento das lojas hoje representa 98,2% de antes da pandemia. Em julho esse percentual era de 95,4% e em junho de 87,5%.
“Notamos ao longo do segundo trimestre a recuperação nas atividades. Níveis de venda e aluguéis se aproximando dos pré-pandemia”, disse o executivo.
Segundo Langoni, a aceleração do programa de vacinação no Brasil aumentou a confiança dos consumidores e a demanda por compras em shoppings.
Já o presidente da empresa destacou que já é possível ver uma melhora no cenário. “O que a gente está vendo é uma demanda crescente de marcas querendo expandir e voltar ao shopping. Não há preocupação com turnover. Devemos ver melhoria no turnover e demanda crescente dado avanço na vacinação”, disse Kameyama.
No geral, o executivo explicou que alguns segmentos estão melhores do que outros. Na dianteira estão artigos esportivos e para casa, que estão mais em evidência na pandemia. “Isso reflete o que está sendo o hábito dos consumidores nesse momento”, disse.
Por outro lado, fast food registra uma grande rotatividade, com muitas marcas novas chegando no mercado e ocupando espaço, como Taco Bell e KFC. “E em vestuário a gente vê algum nível de turnover e redução, ainda que pequena, no peso do nosso mix”, disse, ao ponderar que as pessoas estão buscando menos roupas e acessórios por causa da pandemia, embora tenha apontado uma tendência de retomada.
Kameyama destacou ainda que a inadimplência, que tem sido monitorada de perto pelo grupo, tende a ter níveis melhores no quarto trimestre. “No terceiro trimestre a gente deve ter inadimplência líquida bem menor. Não sei se vai ter reversão, mas acho que no quarto trimestre vamos ter um nível bom de inadimplência e PDD [provisões para devedores duvidosos]”, afirmou.